Um pouco da biografia do autor leia : MANOEL DE BARROS - BIGOGRAFIA
Trecho do documentário sobre Manoel de Barros, "Só Dez Por Cento é Mentira" é um original mergulho cinematográfico na biografia inventada e nos versos fantásticos do poeta sulmatogrossense Manoel de Barros. Assista "Só Dez Por Cento é Mentira"
Johniere Alves Ribeiro
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Documentário estreia em janeiro de 2010
Pedro Cezar retrata o poeta, que se comporta como ''desherói''.
Como também cultiva a palavra, era natural que o roteirista e cineasta Pedro Cezar sonhasse em fazer um documentário sobre Manoel de Barros. E só conseguiu porque, diante da resistência do poeta, fez um comentário que o desarmou por completo: "Era apenas um sonho..." Ao ouvir isso, Manoel pediu que ele voltasse no dia seguinte, para iniciar a filmagem.
Só Dez por Cento É Mentira apresenta-se como uma "desbiografia oficial de Manoel de Barros". E, de fato, é - com previsão de lançamento nos cinemas para 15 de janeiro de 2010, o filme é uma viagem deliciosa pelo universo criado pelo poeta. "Eu sabia que estava invadindo a sua filosofia que prega "a palavra oral não dá rascunho" e também conhecia suas entrevistas por escrito, que realmente são peças literárias insuperáveis", conta Cezar. "Sabia dos limites de uma entrevista com câmera ligada, mas acreditava que seria importante gravar suas reflexões poéticas ao vivo. Depois soube por sua esposa que ele até teve que tomar remédio para não gaguejar de nervosismo."
Sem grandes malabarismos visuais, Cezar privilegiou a palavra dita e criada por Manoel, um homem carismático e carinhoso. "Diria que o "ser letral" (o Manoel por escrito) inventa e reconstrói o ser biológico Manoel. Os versos que ele faz no papel ornam a "ruína" que ele diz ser em carne e osso. Depois de ler "ontem choveu no futuro" ou "nossa maçã come Eva", fica difícil segurar nossa onda; fica difícil separar pessoa física de pessoa jurídica."
A concisão, aliás, transforma o poeta em um exemplo para twitteiros, acredita Cezar. "O branco deve muito de sua elegância às garças", "A morte é indestrutível", "Andando devagar eu atraso o fim do dia", todos esses versos têm bem menos do que 140 caracteres."
Cezar conta que o poeta só viu o filme meses depois - foram duas sessões seguidas, tecendo elogios tocantes. Foi também o primeiro contato com a imagem do filho João, que morrera meses depois da gravação, em trágico acidente aéreo.
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