domingo, 20 de maio de 2012

Literatura Brasileira para o mundo - Regionalismo de 30

Regionalismo de 30: a Literatura Brasileira ganha destaque mundial

O Regionalismo de 30 marcou nossa literatura, por promover uma prosa ficcional que, em sua maior parte, tem como o Nordeste como  foco central, ao menos é esta a visão que encontramos  nos mais variados livros didáticos. Mas, não foi bem assim, este modo de escrever pautado, principalmente na denuncia social, seja da seca no Nordeste ou dos costumes burgueses no Rio Grande do Sul, a literatura tornou-se uma arma poderosa contras todo tipo de injustiça. Tudo era feito com muito estilo, ética e estilo, não era um mero discurso panfletário/ideológico, tanto que os romancistas mais aplaudidos pelos críticos, como também alguns dos odiados ou simplesmente esquecidos por estes mesmos comentaristas, estão produzindo neste período.
Por isso fiz questão de apresentar vários textos sobre o tema, possibilitando uma reflexão mais m ampla deste momento que impulsionou a Literatura Brasileira, propagando-a pelo mundo inteiro. Boa Leitura.  ( Johniere Alves Ribeiro)    

Comentários de dois sites sobre o assunto, gostei e reproduzo para vocês :
Romance Regionalista
“ Dá-se o nome de "romance regionalista" ou "romance de 30" a um conjunto de obras de ficção escritas no Brasil a partir de 1928, ano de publicação de A bagaceira, de José Américo de Almeida. Freqüentemente esses rótulos são associados ao romance nordestino, especialmente às obras de José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado. Mas o fenômeno é bem mais abrangente, e o romance regionalista inclui também a produção de autores como Érico Veríssimo, Marques Rebelo, Ciro dos Anjos, Lúcio Cardoso e Cornélio Pena.
O romance regionalista veio mostrar as contradições e conflitos de um Brasil que se queria moderno, urbano e industrializado, mas guardava também traços arcaicos em sua diversidade regional. O Brasil não era composto apenas de seus estados mais desenvolvidos ou de seus modernos centros urbanos em expansão. Havia também o campo, dominado por uma sociedade patriarcal em decadência, e, nas cidades, havia o homem comum, enfrentando problemas sociais. Assim como os autores da literatura proletária, os autores regionalistas tinham uma preocupação sociológica e documental, distinguindo-se dos modernistas com seu experimentalismo estético.”
A temática agrária aparece no romance regionalista em obras que retratam o problema da seca, como O Quinze (1930), de Raquel de Queirós, e Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, ou a decadência dos engenhos de açúcar, como Menino de engenho (1932), Bangüê; (1934) e Usina (1936), de José Lins do Rego. Mas a temática urbana também é trabalhada nas obras de Jorge Amado, que contam histórias de Salvador, ou de Érico Veríssimo, como Clarissa (1933) e Caminhos cruzados (1935).
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O Regionalismo Brasileiro de 30

Nas primeiras décadas do século XX, o Brasil vivia sua assim chamada Belle Epoque. Na capital, derrubavam-se prédios coloniais na tentativa de fazer do Rio de Janeiro uma cidade mais "parisiense". Na política, uma democracia de aparências que se vendia como civilizada e civilizatória. Nos cafés, poetas parnasianos trocavam poemetos vazios, excessivamente formais e sem compromisso algum com a realidade. Reinava um artificialismo sufocante.
1922 marca uma ruptura geral. Na Praia de Copacabana, um punhado de militares se auto-imola exigindo reformas políticas. No Teatro Municipal de São Paulo, artistas transformam a destruição do passado em projeto pró-ativo. Em poucos anos, a República Velha cai de podre em um golpe quase sem sangue. Um assassinato no nordeste ajuda a eclodir o movimento, gaúchos amarram seus cavalos no obelisco, parece que o Brasil deixou de ser apenas Rio, Minas e São Paulo.
Na década seguinte, o romance regionalista já reina quase supremo, oferecendo uma visão alternativa do Brasil e buscando uma maior inserção da literatura nos problemas do seu tempo. Em oposição ao classicismo e alienação dos parnasianos, o romance regionalista, tanto o progressista quanto o conservador, tanto o nostálgico quanto o revolucionário, sempre dialoga com o presente, denuncia suas mazelas, envolve-se nas grandes questões sociais. O romance regionalista de trinta, seja qual for sua ideologia, é sempre engajado.
Um dos iniciadores do processo é Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, lançado em 1933, onde, praticamente pela primeira vez, a contribuição do negro à sociedade brasileira é vista como algo positivo. O fato é especialmente digno de nota, considerando-se que as décadas posteriores viram o apogeu de um lombrosismo a la Nina Rodrigues, onde médicos e intelectuais faziam contas complicadas para calcular quantos imigrantes europeus seriam necessários para embranquecer o Brasil em um século.
Alguns anos mais tarde, José Lins do Rego lança seu Menino de Engenho, parte homogênea de uma obra diretamente influenciada por Freyre - Rego se considerava seu discípulo e eram amigos pessoais. Não por acaso, naturalmente, as obras de ambos têm diversos pontos em comum e podem ser consideradas parte de uma vertente bem específica do regionalismo: o regionalismo conservador nostálgico.
Rego e Freyre, filhos de uma aristocracia rural falida, membros de uma classe dirigente cada vez menos poderosa, com cada vez menos função em um século XX que já não precisava deles, voltam seu olhar para o passado patriarcal. Existe, na obra de ambos, uma rejeição à mercantilização, à industrialização, ao progresso tecnologico generalizado que marcava sua época. Transparece em suas obras a certeza de que esse processo estava destruindo as tradicionais relações humanas que, antigamente, tornavam a vida mais doce, mais humana, mais ordeira - desde que fossem seus avós a dar as ordens, naturalmente. Ao denunciar as relações inumanas e vis que ligam industriais, burgueses e comerciantes contemporâneos aos seus trabalhadores e operários, Rego e Freyre parecem querer recuperar um passado onde a elite era mais generosa, altruísta e protetora e, conseqüentemente, os trabalhadores e escravos eram mais gratos, mais felizes e sabiam o seu lugar. De acordo com eles (e, em alguns trechos, isso é afirmado explicitamente), até mesmo uma escravidão patriarcal e bondosa seria preferível às relações crueis e impessoais do nascente capitalismo. Freyre e Rego utilizam a denúncia social do regionalismo para rejeitar o presente em nome do passado.
O projeto de um Graciliano Ramos, em Vidas Secas e em toda a sua obra, apesar de também regionalista, não poderia ser mais diferente. Em Vidas Secas, não existe idealização alguma, nem do passado, nem do presente e nem do futuro. Para Graciliano, nunca houve o nordeste harmonioso, amoroso e ordeiro que Rego e Freyre sempre evocam. Nem mesmo os heróis são vistos com simpatia. Fabiano e sua família são mostrados como não mais que bichos, tão vitimizados pelo sistema ao ponto de já mal conseguirem dominar a língua ou articular palavras e pensamentos. As autoridades, quando são mostradas, soldados e fazendeiros, são irredimivelmente vis e mesquinhas. O romance não oferece nenhuma esperança para nenhum deles. Vidas Secas é só denúncia, do começo ao fim. A esperança, se existe, é como um ponto-de-fuga: está fora do romance mas todas as linhas levam a ele; a esperança reside no aumento de consciência e desalienação do leitor. Em comparação ao regionalismo conservador nostálgico de Freyre e Rego, podemos chamar essa outra vertente de regionalismo socialista de denúncia. Mesmo quando não mencionado ou aludido, o seu foco é sempre o futuro: a literatura é um chamado para mudanças sociais ou revolucionárias que possam alterar o cruel estado de coisas que ela denuncia.
Entre ambas essas vertentes, regionalismo nostágico conservador evocativo do passado ou socialista revolucionário clamando pelo futuro, desenvolveu-se o regionalismo brasileiro de meados do século XX.

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