sexta-feira, 23 de maio de 2014

Tarsila do Amaral , a pintora que abrasileirou seus pinceis

Tarsila do Amaral , a pintora que abrasileirou seus pinceis 

Tarsila do Amaral é um das pintoras mais conhecidas fora e dentro do Brasil. Suas obras sofreram uma influencia direta do Movimento Modernista, tanto que foi considerada por muito como a “Dama do Modernismo”. Tarsila foi uma personagem fundamental para a Primeira Fase do Modernismo, seus quadros impulsionaram as reflexões em torno do Modernismo, atraindo os olhares dos críticos da aépoca. O quadro brasileiro mais que existe na atualidade foi ela que pintou, chama-se: Abaporu e foi a partir dele que Oswald de Andrade criou a corrente Antropofágica.
Leia abaixo, assinta os vídeos e conheça um pouco mais desta fantástica pintura, que soube abrasileirar seus pinceis.  


Johniere Alves Ribeiro 
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Tarsila do Amaral

 
                                               “Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, eu estilizo.”
                                                                                                                              ( Tarsila do Amaral)
 
 
 
Tarsila do Amaral foi uma pintora e desenhista brasileira e uma das figuras centrais da pintura brasileira e da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugura o movimento antropofágico nas artes plásticas.
Tarsila foi uma modernista: pintou o Brasil, desrespeitou normas clássicas da pintura tradicional e encheu suas telas de cores, muitas cores. Tarsila conseguiu traduzir em cores vibrantes todas as sombras de um país.
Tarsila do amaral – Fotos artista

País este que, segundo a visão apurada e singular da pintora, também é caipira, interiorano, quase rústico. País que Tarsila, em viagem feita a Minas Gerais, descobriu em pessoas, casas, ruas e aridez. A artista não traz apenas a beleza exemplar brasileira, mas ao contrário, denota suas silhuetas e contornos mais obscuros e, talvez por isso, mais interessantes.
Um modelo clássico do que se fala é sua obra mais conhecida, a pintura Abaporu. Neste quadro, segundo a descrição da própria artista, “há uma figura solitária monstruosa, pés imensos, sentada sobre uma planície verde, o braço dobrado repousando num joelho, a mão sustentando o leve peso da minúscula cabeça. Em frente, um cactus explodindo em uma enorme flor.”
Tarsila do Amaral foi a representante do movimento Pau-Brasil que, subdividido nas fases construtivo, exótico e metafísico/onírico, representa o cúmulo da brasilidade, traduzida não somente em seus temas humanos e nacionais, como também nas cores vivas até então rejeitadas por uma academia retrógrada e passadista.
Seus tons, de intensidade e força absurdas, são reminiscências de infância da pintora nascida em Capivari, interior de São Paulo. Desde então, Tarsila adota de forma quase que rebelde e contestadora, cada colorido excessivo para, assim, melhor representar um país-aquarela.
Engana-se, no entanto, quem acredita ser Tarsila do Amaral uma pintora estritamente rural. Não. É ela, isso sim, uma artista brasileira, modernista, bem-humorada, de nacionalidade brasileira.

Tarsila do Amaral – Biografia


Tarsila do amaral – Fotos artista
Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro, ‘Sagrado Coração de Jesus’, 1904.
Anos depois iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com William Zadig com quem aprende a modelar. No mesmo ano, tem aulas com o escultor Mantovani. Seu aprendizado continua no curso de desenho com Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu Anita Malfatti. Posteriormente ela e alguns colegas do curso de Pedro Alexandrino fazem aulas de pintura com Georg Elpons (1865-1939), que lhes apresenta técnicas diferentes das acadêmicas, como a aplicação de cores puras, diretamente do tubo. Em 1920, foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard.
Estimulada pelo maestro Souza Lima, parte para Paris em 1920. Quer entrar em contato com a produção européia e aperfeiçoar-se. Ingressa primeiro na Académie Julian, depois tem aulas com Emile Renard. Nesse período, trava contato com a arte moderna. Vê o que Anita Malfatti já lhe havia contado. Conhece trabalhos de Pablo Picasso, Maurice Denis e a produção dos dadaístas e futuristas. O interesse coincide com o fortalecimento do modernismo em São Paulo. De longe, Tarsila recebe curiosa a notícia dos progressos do grupo, na correspondência com Anita.
Em abril de 1922, dois meses depois da Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para “descobrir o modernismo”. Conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. Com eles e Anita, funda o Grupo dos Cinco. O aprendizado europeu será digerido aqui, no contato com o grupo. A artista pinta com cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. Faz retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade com cores expressionistas e gestualidade marcada.  

No ano de 1923, Tarsila encontrava-se em Paris acompanhada do seu namorado Oswald. Conheceram o poeta franco suíço Blaise Cendrars, que apresentou toda a intelectualidade parisiense para eles. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger e pintou em seu ateliê, a tela ‘A Negra’. Léger ficou entusiasmado e até chamou os outros alunos para ver o quadro. A figura da Negra tinha muita ligação com sua infância, pois essas negras eram filhas de escravos que tomavam conta das crianças e, algumas vezes, serviam até de amas de leite. Com esta tela, Tarsila entrou para a estória da arte moderna brasileira. A artista estudou também com Lhote e Gleizes, outros mestres cubistas. Cendrars também apresentou a Tarsila pintores como Picasso, escultores como Brancusi, músicos como Stravinsky e Eric Satie. E ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti, e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado.
Em uma homenagem a Santos Dumont, usou uma capa vermelha que foi eternizada por ela no auto-retrato ‘Manteau Rouge’, de 1923.
Retorna para o Brasil em 1924 com interesse voltado para as coisas daqui. Viaja para conhecer o carnaval carioca e as cidades históricas de Minas Gerais. Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros. ‘Encontei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, …’

E essas cores tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil.
E esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como ‘Carnaval em Madureira’, ‘Morro da Favela’, ‘EFCB’, ‘O Mamoeiro’, ‘São Paulo’, ‘O Pescador’, dentre outros.
Em 1926, Tarsila fez sua primeira Exposição individual em Paris, com uma crítica bem favorável. Neste mesmo ano, ela casou-se com Oswald (o pai de Tarsila conseguiu anular em 1925 o primeiro casamento da filha para que ela pudesse se casar com Oswald). Washington Luís, o Presidente do Brasil na época e Júlio Prestes, o Governador de São Paulo na época, foram os padrinhos deles.

Tarsila do amaral – Fotos artista
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o ‘Abaporu’. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro.
Outros quadros desta fase Antropofágica são: ‘Sol Poente’, ‘A Lua’, ‘Cartão Postal’, ‘O Lago’, ‘Antropofagia’, etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.
A artista contou que o Abaporu era uma imagem do seu inconsciente, e tinha a ver com as estórias de monstros que comiam gente que as negras contavam para ela em sua infância. Em 1929 Tarsila fez sua primeira Exposição Individual no Brasil, e a crítica dividiu-se, pois ainda muitas pessoas ainda não entendiam sua arte.
Ainda neste ano de 1929, teve a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, e assim a realidade de Tarsila mudou. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve que trabalhar. Separou-se de Oswald.
Na mesma época, ocupa, por um curto período, a direção da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp). Viaja para a União Soviética no ano seguinte e expõe em Moscou. A partir de 1933, seu trabalho ganha uma aparência mais realista.
Influenciada pela mobilização socialista, pinta quadros como Operários (1933) e 2ª Classe (1933), preocupados com as mazelas sociais.
Em meados dos anos 30, Tarsila uniu-se com o escritor Luís Martins, mais de vinte anos mais novo que ela. Ela trabalhou como colunista nos Diários Associados por muitos anos, do seu amigo Assis Chateaubriand.
Nessa época, seus quadros ganham um modelado geométrico. As cores perdem a homogeneidade e tornam-se mais porosas e misturadas. Em 1938, recupera a propriedade, retorna à São Paulo e sua produção volta à regularidade. Reaproxima-se de questões que animaram o período heróico do modernismo brasileiro. A partir da segunda metade dos anos de 1940, as inquietações do período pau-brasil e da antropofagia são reformuladas, os temas rurais voltam de maneira simples. Em algumas telas, como Praia (1947) e Primavera (1946), as figuras agigantadas evocam o período antropofágico, mas agora aparecem sob forma mais tradicional, com passagens tonais de cor e modelado mais clássico.
Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil e pintou quadros como ‘Fazenda’, ‘Paisagem ou Aldeia’ e ‘Batizado de Macunaíma’. Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga em um lago em Petrópolis.

Tarsila do amaral – Fotos artista
Em 1950, é feita a primeira retrospectiva de seu trabalho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). A exposição dá mais prestígio à artista, nela as pinturas da fase “neo pau-brasil” são mostradas pela primeira vez. O retorno a temas nacionais anima Tarsila a pintar dois murais de forte sentido patriótico. Em 1954, termina Procissão do Santíssimo , encomendado para as comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Dois anos depois, entrega O Batizado de Macunaíma, para a Editora Martins. Em 1969, a crítica de arte Aracy Amaral organiza duas importantes retrospectivas do trabalho de Tarsila. Uma no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e outra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). As mostras consolidam sua importância para a arte brasileira. Tarsila faleceu em janeiro de 1973.

 ( Adaptado por Johniere Alves Ribeiro - Retirado de  http://www.mercadoarte.com.br/artigos/artistas/tarsila-do-amaral/tarsila-do-amaral/  - )

Modernismo no Brasil - uma revolução para a Literatura Brasileira

Modernismo no Brasil - uma revolução para a Literatura Brasileira

O Modernismo é sem dúvida uma das Escolas Literárias mais importantes de nossas Letras. De acordo com alguns críticos este movimento mudou radicalmente as concepções de arte e literatura em nosso país. Nesse sentido vejamos o que nos diz a professora Irenísia Torres de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará, ao analisar os escritos de Antônio Candido sobre o Modernismo :

O Modernismo é pensado no ensaio Literatura e cultura de 1900 a 1945, sobretudo a partir da dialética entre local e universal. Ao lado do Romantismo, constituía um dos “momentos decisivos” na literatura brasileira, de mudança de rumos e revigoração do pensamento em geral, possuindo ambos em comum o fato de priorizarem o local, embora apoiados nos modelos europeus. A diferença residia em que o particularismo romântico se afirmava por uma rejeição da herança portuguesa, que no Modernismo já estaria superada e esquecida, afirmando-se este em combate contra o academismo cosmopolita.
Assim, o Modernismo inaugurava um novo momento na dialética de local e universal, afirmando o primeiro dos termos pelo recurso ao segundo, ou seja, afirmando-se o dado local pela valorização vanguardista (europeia) do primitivo. Promovia, então, a aceitação dos componentes recalcados da nacionalidade, principalmente ligados à nossa condição de país etnicamente mestiço e culturalmente influenciado por culturas136

O PRIMEIRO MODERNISMO NOS ENSAIOS DE ANTONIO CANDIDO primitivas, ameríndias e africanas. “As nossas deficiências, supostas ou reais, são reinterpretadas como superioridades. [...] O primitivismo é agora fonte de beleza e não mais empecilho à elaboração da cultura” (CANDIDO, 2000, p. 120).
Além da nova atitude de valorização do elemento primitivo, a expressão literária do desrecalque localista tinha sido buscada também nas vanguardas, principalmente francesa e italiana. Mas esse empréstimo agora assumia um caráter diferente, por dois motivos: primeiro, porque não
estávamos mais tão distantes material e culturalmente da Europa e também éramos atingidos pelos efeitos da velocidade e da mecanização, das agitações sociais e ideológicas que tinham constituído os estímulos das vanguardas; segundo, porque os processos artísticos radicais dos vanguardistas europeus terminavam tendo maior coerência e possibilidade de assimilação num ambiente como o nosso, em que se convivia cotidianamente com as culturas primitivas. A conclusão do autor é de que, do ponto de vista da dialética de local e universal, nos anos 20 e 30, empreendeu-se um “admirável esforço de construir uma literatura universalmente válida por meio de uma intransigente fidelidade ao local” (CANDIDO, 2000, p. 126). O Modernismo mostrava-se, portanto, como um importante momento de síntese na dinâmica literária brasileira.

Diante leia e assista os vídeos abaixo para compreender melhor este movimento que marcou a Literatura Modernista.

Johniere Laves Ribeiro

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Modernismo brasileiro
                                      (Por Felipe Araújo)
  
Modernismo  foi o período do movimento da literatura moderna nas letras. Esta escola engloba manifestações vanguardistas como o Futurismo, o Super-realismo e o Dadaísmo. O objetivo do Modernismo, no que se refere à literatura, foi indicar a necessidade de renovação, opondo a modernidade ao tradicionalismo.
modernismo brasileiro  foi iniciado no século XX. Na época, a preocupação dos autores modernos era substituir os antigos valores. As principais características desta escola literária são o progresso, a sensação de instabilidade e transitoriedade, a criação e investigação pessoal, o livre exame e o futuro.
Com esta configuração, o Modernismo fixa-se na historiografia literária brasileira com o início da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu nos dias 13, 15 e 17 daquele ano no Teatro Municipal de São Paulo. Porém, antes destes dias de manifestação de obras e ideias modernistas, este espírito literário já havia começado um processo de preparação anos antes.
Uma das primeiras manifestações do pré-modernismo no Brasil foi o Futurismo, termo presente no país entre 1915 e 1921, ano em que Oswald de Andrade publicou um artigo em que chamou Mário de Andrade de “o meu poeta futurista”.
A origem da Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma sugestão do pintor Di Cavalcanti  feita a Paulo Prado. A proposta era iniciar uma “série de escândalos da Semana de Elegância de Deauville”. Até hoje, existem controvérsias sobre qual cidade teria criado o movimento. Rio de Janeiro ou São Paulo?
Consta que nas duas cidades existiam grupos renovando e indicando ideais modernos. Em São Paulo, os intelectuais eram Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Luís Aranha, Agenor Barbosa, Plínio Salgado e Cândido Mota Filho. No Rio, os principais nomes eram Graça Aranha, Ribeiro Couto, Renato Almeida, Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira e Manuel Bandeira.
Vinte anos após o final do movimento, Mário de Andrade traçou quais foram seus rumos iniciais: estabilizar uma nova forma de consciência criadora brasileira, atualizar a inteligência artística do país e conquistar o direito à pesquisa estética.
Apesar da Semana de Arte Moderna ser considerada um marco histórico, após o seu fim, o Modernismo entra em uma fase de ruptura entre os grupos e de divergência de correntes. De São Paulo e Rio de Janeiro, as ideias foram proliferadas para outras regiões do Brasil. De acordo com alguns intérpretes da literatura contemporânea, o Modernismo foi fixado historicamente na Semana de 22, mas se estende até a década de 60. Porém, o termo foi perdendo sua força e se estratificando como uma denominação geral.
Fontes:
COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. ed. São Paulo: Global ;  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Departamento Nacional do Livro; Academia Brasileira de Letras, 2001.



Modernismo no Brasil

No início do século XX desenvolveu-se na Europa um conjunto de correntes artísticas (dadaísmo, surrealismo, expressionismo, futurismo) que formaria a arte moderna. Artistas brasileiros, em suas idas ao exterior, voltavam com estas novas influências que, somadas ao desejo de instaurar uma arte moderna brasileira, longe da imitação de padrões europeus, com valorização do nacional, possibilitou o início do Modernismo no Brasil.
O Modernismo brasileiro teve três fases: a primeira surgiu em 1922, a segunda em 1930 e a terceira em 1945. O ponto de partida foi a Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922 e possibilitou a aproximação de vários artistas com ideias modernistas, dando força ao movimento.

Primeira fase do modernismo

Durante a primeira fase o movimento buscou concretizar-se no Brasil. Foi um período de grande produção de arte moderna e de materiais que divulgavam esta arte (orgia intelectual). Em meio a essa “orgia”, quatro correntes de pensamento ganharam força e foram ganhando teor ideológico ao longo da década de 20. São elas: Pau Brasil, Verde Amarelismo, Escola da Anta e Antropofagia.



Manifesto Pau Brasil

Fundado por Oswald de Andrade com o Manifesto Pau Brasil, o movimento Pau Brasil fazia críticas ao passado cultural brasileiro, que imitava os modelos europeus, propondo um olhar para o Brasil com o olhar do brasileiro, apesar das influencias europeias.

Verde Amarelismo

Em resposta a isso, o Verde Amarelismo vinha com a defesa de um nacionalismo exagerado, valorizando os elementos nacionais sem qualquer influência europeia. Esta corrente, que originaria a Escola da Anta, tinha inclinações nazistas e, de certa forma, possuía ideais xenófobos.

Antropofagia

A Antropofagia, também fundada por Oswald de Andrade, vinha como uma nova resposta às duas correntes, pregando a aceitação da cultura estrangeira, mas sem cópias e imitações. Esta cultura deveria ser absorvida pela brasileira, que colocaria na arte a representação da realidade do Brasil e do elemento popular, valorizando as riquezas nacionais.

Transição

Apesar dos movimentos contrários, vemos na primeira fase modernista uma arte descontraída, com poemas que desestruturavam as velhas escolas literárias e que traziam uma linguagem que fugia às regras gramaticais, aproximando-se da fala popular. A construção da imagem brasileira foi sendo aproximada do povo, da realidade popular e a principal temática comum a todas as obras era a valorização e reconstrução do nacionalismo.
A transição da primeira para a segunda fase modernista ocorreu em meio à revoltas contra a política brasileira do café-com-leite e à crise econômica ocasionada pela crise de 1929, que impossibilitava a importação do café, principal riqueza brasileira. As Grandes Guerras também viriam compor o cenário histórico da época.
A busca pela nacionalidade no final da década de 1920 já começava a ganhar ares ideológicos e os conflitos da época também pediam a tomada definitiva de uma posição ideológica. O resultado disso é a arte engajada que surgiu na segunda fase modernista, com uma reflexão sobre a época de crise e pobreza.

Segunda fase do modernismo

Se em 22 tínhamos um interesse pelos temas nacionais, com aproximação da linguagem popular e valorização da vida cotidiana; na arte engajada de 30 temos uma literatura mais amadurecida, sem a descontração e a irreverência, mas com reflexões sobre a realidade do brasileiro, trazendo à tona o nacional através desta reflexão, com textos de linguagem aproximada do popular.
A literatura da época de 30 dividiu-se em prosa e poesia: a prosa voltava-se para a crítica social, trazendo à tona os retratos de várias regiões do país (regionalismo) como forma de denúncia dos problemas sociais de cada região e com uma reflexão sobre a solução do problema; a poesia voltava-se para o sentimento humano, levantando o questionamento sobre a existência humana e a compreensão do local do mundo e do local que o ser humano tem neste mundo conflituoso.

Principais autores da segunda fase 

s principais nomes da prosa são: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico Verissimo. Na poesia, temos: Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes.

Terceira fase do modernismo

Com o fim das Grandes Guerras (Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial) e início daGuerra Fria e o fim da Era Vargas, que trouxe uma época de democratização política brasileira, o Modernismo brasileiro começou a ganhar novos rumos. Não era mais necessário o empenho social e político, pois em tese não havia mais conflitos aos quais se opor.
A geração de 1945 abandonou vários ideais de 22, criando novas regras que permitiam a liberdade para o artista criar o que quisesse. Eles não estavam mais ligados à obrigação de aproximar-se da realidade brasileira e nem de aproximar-se do povo através de uma linguagem popular e descontraída.
A principal temática da geração de 1945 estava ligada à aproximação do psicológico humano. Para transmitir esta reflexão da psicologia humana, as obras desta geração possuíam um equilíbrio rítmico e linguagem lírica que rendia-se à antiga forma decassíliaba e rigorosa, deixando de lado o verso livre instaurado em 1922.

Principais autores da geração de 45

São nomes famosos desta época: Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Literatura – história & texto – vol 3. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira: ensino médio. 2.ed reform. São Paulo: Atual, 2000.
Ana Gabriela Figueiredo Perez - Estudos Literários - Unicamp



sexta-feira, 2 de maio de 2014

Gabriel Garcia Márquez - Nos deixa o Premio Nobel, se vai um contador de história

Dificilmente um escritor agrada a todos. Até porque não dar para servir a dois senhores, quanto mais a milhões de leitores pelo mundo. Também, é certo que a quase nenhum crítico de literatura um escritor agrada. Principalmente, quando este cai nas “graças do povo”. Contudo, nem sempre o escritor – ao produzir seus textos ficção, tem uma preocupação exaustiva com o que a critica vai dizer ele simplesmente escreve e quer ser lido. Talvez, tenha sido a postura de Gabriel Garcia Márquez, escritor da américa-latina premio Nobel da Literatura que a pouco tempo nos deixou.     
Trago abaixo dois textos do escritor paraibano Bráulio Tavares que comenta aspectos importantes sobre Márquez. Assita também aos vídeos.
Boa Leitura!

Johniere Alves Ribeiro 

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Entrega del Premio Nobel de Literatura a Gabriel García Márquez (1

O navio fantasma – Por Bráulio Tavares
PUBLICADO EM 22/04/2014 ÀS 08:00H
A morte de García Márquez me deu aquela tristeza de saber que nunca mais ouvirei falar sobre “o mais novo livro de García Márquez”. Geralmente, compenso esse efeito melancólico com a lembrança de que não li a maior parte do que o autor escreveu, então, bem ou mal, quando eu pegar para ler “O veneno da madrugada” ou “Doze contos peregrinos” é como se fosse um livro com a tinta ainda úmida.
Fui dar uma relida nos textos dele online e me bati com um pequeno mistério, que aproveito para dividir. GGM tem um continho curto que é uma beleza, “A última viagem do navio fantasma”, um daqueles contos de parágrafo único que nos arrebatam da primeira à última palavra e se transformam numa pequena epifania literária. É a história de um menino num povoado à beira-mar que vê passar um navio fantasma (que somente ele vê) o qual acaba afundando; isso se repete todo ano, na mesma data, e ele pensa que é a reconstituição sobrenatural de um fato ocorrido num passado remoto.
Não tirarei de ninguém o prazer da leitura dessa joiazinha de apenas 2 mil palavras (dá mais ou menos a extensão de 4 artigos como este), num fluxo de imagens que aqui lembram Ray Bradbury, ali Mario Quintana, mais adiante Marc Chagall ou Fellini. No final (que não revelarei), o menino tem um vislumbre do nome do navio, quando o descreve: “...veinte veces más alto que la torre y como noventa y siete veces más largo que el pueblo, con el nombre grabado en letras de hierro, balalcsillag...”.
Nome esquisito, que parece inventado, não é mesmo? Mas hoje temos São Google, em cujo altar dou minhas clicadas cotidianas. Lá vou eu perguntar pelo nome. Praticamente todas as respostas se reportam ao conto de Márquez, que é reproduzido mundo afora em várias línguas. Mas no alto da página o Google faz aquela ressalvazinha robótica de sempre: “Você quis dizer ‘halálcsillag?”. Era tão parecido que eu cliquei, pensando, “sim, digamos que foi isso mesmo”.
Fui dar numa página cheia de que? De reproduções da “Estrela da Morte”, a Death Star de “Star Wars”. “Halálcsillag” (começando por um “H” e com um acento no segundo “A”) é o nome da Estrela da Morte em húngaro (magyar)! Que coincidência é essa? A Wikipédia em espanhol dá a data do conto como sendo 1968, ou seja, muito antes do filme de George Lucas, e a publicação em livro foi no volume “A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, que é de 1972. Não tenho o livro, não sei se nas traduções se mantém esse nome (é nas últimas linhas do conto). A questão é: Por que motivo o nome do navio gigantesco do conto de Márquez é quase igual ao nome da Death Star em húngaro? Hipóteses serão bem-vindas.
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PUBLICADO EM 01/05/2014 ÀS 08:00H
A imprensa do mundo inteiro está dando um balanço na obra literária de Garcia Márquez, falecido recentemente. Não direi que ele era uma unanimidade junto ao público e à crítica; conheço pessoalmente gente que não gosta, que o acha meio “macumba para turistas”, um “folclorizador da miséria, como Jorge Amado” (já ouvi isto). Eu não acho. A leitura de “Cem Anos de Solidão” aos 20 anos mudou minha compreensão da literatura e da América Latina. Curiosamente, muitos que não gostam de Márquez são fãs de Borges. Veem Borges como o que todo latino-americano deveria ser: civilizado, lendo latim e alemão, conhecendo a filosofia clássica e pensando de forma apolínea (Borges detestaria essa descrição, aliás injusta; é o modo como ele é visto, não o que ele era). Márquez era um escritor formado em redação de jornal, esquerdista, bigodudo, plebeu total.
Seu discurso de recebimento do Prêmio Nobel traça duas linhas paralelas de sua visão da América Latina, dando substância ao que veio a se chamar de realismo mágico. Por um lado, há os aspectos bizarros e extraordinários da realidade física e mental do continente, tudo que parece estranho aos que vêm do Hemisfério Norte e determinam o que é normal e o que não é. Por outro lado, há a espantosa desigualdade social do continente, resultado da pororoca inicial e posterior convivência entre a brutalidade do colonizador e a do colonizado (aqui se praticava a escravidão, o canibalismo, os sacrifícios humanos).
Nos seus romances, muitos detalhes atribuídos ao realismo mágico eram meras reconstituições de fatos históricos. Nisso, Márquez dava uma lição que autores tão diferentes como Tim Powers ou Bruce Sterling souberam utilizar bem: pegue da realidade o que ela tiver de mais inacreditável, e deixe sua ficção apenas um ponto abaixo. Qualquer crítico que listar as coisas mais impossíveis do enredo vai quebrar a cara ao ver que eram reais.
Na outra mão desse processo, Márquez fazia relatos jornalísticos, reconstituições de episódios reais, com os artifícios da ficção: “Relato de um Náufrago”, “Notícia de um Sequestro”, “A Aventura de Miguel Littín clandestino no Chile”... Alguns amigos meus (e alguns críticos literários) se queixam de que isso não é jornalismo, porque Márquez mudava detalhes, personagens ou situações para acomodá-los a sua conveniência narrativa. Muito bem, que não seja jornalismo, que seja então ficção inspirada em fatos reais. O que importa é que a volúpia narrativa está toda ali, e eu não sei se Euclides em “Os Sertões” ou Graciliano em “Memórias do Cárcere” foram mais fiéis aos fatos do que ao significado dos fatos. Há uma diferença.