terça-feira, 27 de agosto de 2013

Poetas Paraibanos - 5 poemas - Correio das Artes - 2008

POEMAS

5 poemas paraibanos
Amador Ribeiro Neto

cabaceiras
 
dia
cinco
começa

§
único
alguidar
cheio

] farinha [
] carne de sol [
] creme de leite [

deus
nOs
acuda
O
restO
dO
canO

muriçocas de miramar
foco teu carnaval
focas meu carnaval
ardes carnes
ardemos
vara
varal
 

são joão de teixeira

eu sabia não sabia
deveria
saber já sabia
toda
via
na hora agá
embaraçou
o fundo da
rede das minhas idéias
e foi vacilo
agora
só me resta a
poesia
desta noite fria de junho
e lá lounge
bem no alto
bandeirinhas fogueirando
festas pros ventos
volpis
 
lagoa de joão pessoa

e
se um dia eu carregu
ei girafas no bol
so nem me lembro m
ais o certo é que hoj
e quis embolsar um casal del
as e tive a maior dificuldad
e

e
uma vazava pelos pés outr
a escorregava no pescoço d
a outra e eu  e eu ali sozinh
o com as mãos ao vento da noit
e escondendo meu rombo zôo
lógico é ev(id)ent
e

feira de campina grande
para roberto coura
na feirafebres uminha no meinho inúmeras meações: os olhos do foto-grafo: déjà-vu  chinfrim reles-mesmo costumeiro: como? assim: sendo como se  víssemos pela primeira vez: olhos transladados no escuro ampliam nossoutras percepções y desautomatizam vosssoutro olhar. fiat lux: delirar com a dança lisérgica das alfaces. chove-chuva das cores vegetais verduras & frutas. sobe-&-desce    )laça&deslaça(    das linhas semi-impalpáveis das escadasesfoladas. lonas dos tetosbarracas: faíscas de fogueiras fuzilando balcões da feira: ah percussão da luz: moto-contínuo-motor-refletindo & refratando baticum no alumínio das canecas & funis & panelas & lamparinas. a escultura frágil-volátil do algodão rosa: desmaterialização da obra de arte convertida em comilança cotidiana: festafina das crianças. contraponto dos volumes escalas direções gráficas: labirinto metálico dos pregos parafusos trincos tralhas dobradiças: cópula metálica de cores & sons & sentidos. os queijos-livros nas prateleiras-estantes para o palrar & paladar das facas dos sab(o)(e)res. nos poleiros: perus amostrados: felizes da hora: néscios do pouco a pouco daqui a pouco-panela. visagensvirtuais: sandálias coloridas nas bancas vazias: a rua asfaltada se alonga dentro do silêncio: passos para pés deste & doutros dias. linhas espirálicas do jerimum caboclo se-retorcendo-se: primeiros raios do dia. névoa. fumaça. de repente: splum: clarão do dia. pipOcaestOura a feirafesta em cOres sOb Os OlhOs de cOura


 Escrito por Correio das Artes às 09h25
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Uma Lenda do povo Caiapó em versos do cordel - Johniere Alves Ribeiro - Correio das Artes


Assista um pouco da cultura caiapó, em uma história contada pelo grupo do “ Baú de Histórias”.  






LITERATURA

Uma Lenda do povo Caiapó em versos do cordel

Por Johniere Alves Ribeiro


Afirmar que Manoel Monteiro é um excelente poeta e que seus cordéis têm uma grande importância para Cultura Popular na atualidade não é novidade alguma. Por isso queremos apresentar aqui mais uma bela história recriada pelo vate: “Uma lenda do povo caiapó”. Cordel que nos demonstra a capacidade que Manoel tem em recontar histórias e o quanto é vasta sua bagagem e nível intelectual, qualidade de quem não é só um poeta popular, mas acima de tudo um grande leitor e pesquisador. Este perfil faz com que o poeta tenha uma maior facilidade em adaptar as mais variadas histórias do mundo mágico e do maravilhoso para o não mais que fantástico folheto de feira.      
O cordel foi impresso em oito folhas e por isso pode ser classificado como folheto. Nele observamos uma linguagem aproximada da coloquial, o que faz com que a leitura se torne mais fluída e prazerosa. É certo que Manoel, como já citamos acima, “gasta” tempo lendo e tem contato com os mais variados tipos de textos, seria impossível não encontrarmos em alguns de seus versos a presença de vocábulos inerentes à norma culta da língua.
Na capa do folheto encontramos uma bela xilogravura de Jô Andrade, logo abaixo do título e nome do autor, não é nosso intuído analisá-la, contudo não poderíamos seguir nossa leitura do folheto sem mencionarmos o que ela nos apresenta, até porque acreditamos que as capas das histórias do cordel tem muito a nos dizer. Jô Andrade nos apresenta a figura de um índio e seu olhar é de tristeza. Ao fundo vê-se um desenhos que lembra o mapa de nosso país e mais atrás, na parte que representa o litoral de nosso país, nota-se o desenho de uma das embarcações de Cabral. Este quadro descrito pelo artista Jô, representa o fatídico episodio da invasão européia e em nosso país e o olhar triste do índio nos antecipa o desfecho cruel das nações indígenas pré-cabralina aqui existente. Fica-nos claro a sensibilidade do xilógrafo, pois sua imagem neste folheto não é um mero acessório, mas sim parte integrante da história que será posta pelo poeta, enfim, sua xiló acaba se tornando uma porta aberta para uma maior compreensão do que aconteceu ao povo caipó. 
O enredo, reinventado por Manoel Monteiro, é apresentado em trinta estrofes de seis versos – sextilhas -, e estes apresentam dez sílabas poéticas. Logo no início do folheto, o poeta faz questão de frisar que temos lendas belíssimas e que estas não deixam a desejar as existentes em outros países, com este espírito “nacionalista”, mas sem beirar o barrismo, ele faz um confronto entre nossas lendas e as estrangeiras e lista algumas delas, como é o caso do Lobisomem, Saci, Boto-cor-de-rosa, etc. Em contra partida Manoel também nos lista as histórias que dão base de sustentação das clássicas histórias infantis: Branca de Neve e os setes anões, Aladim, O gatos de botas, dentre outras.
Assim, fica notória importância que este cordel tem, para a valorização de nossos contos e lendas populares, percebemos que o poeta, ao recontar tais histórias, nos oferta a capacidade de repensar nossa própria vivência com o mundo mágico inerente aos folhetos.
As estrofes, que leremos a seguir, são apenas três das sete que introduz a lenda aqui em questão, elas seriam uma espécie de preparação, momento em que o contador procurar prender atenção do seu ouvinte até que chegue ao ponto exato do inicio do enredo. Vejamos então, como Manoel Monteiro contextualiza sua história e como fica clara a idéia de comparação entre nossas lendas e as européias.

No Brasil a gente não precisa
copiar em nada outras nações,
porque temos tudo, e sendo estórias
nós as temos que vêm  de gerações,
por isso, talvez nem careçamos
de Branca de Neve e seus anões.
Nem de Ali Babá  e seus ladrões,
minaretes, oásis, najas, tenda,
porque falar disso, se nós temos
os folguedos de roda e as parlendas
os encantos do boto-cor-de-rosa,
a cobra-sem-cabeça e outras lendas?
Não por é por orgulho, me entendas
mas olhando em volta por aqui
tem gnomos pra todas as idades,
da Mão d´água na rio logo ali
deu uivos do bicho Lobisomem
às diabruras do peraltas do Saci. ( p.1)     
 
O poeta inicia enredo, propriamente dito, na terceira página, afirmando que o povo caipó vivia num paraíso, onde tudo era perfeito, e todos estavam em harmonia com a natureza e em união social. Este lugar ideal se localizava sob as nuvens. Todavia, num certo dia, alguns índios, curiosos, observaram uma fenda entre as nuvens e por esta fenda notaram que existia um outro mundo lá em baixo. Tal visão, inesperada, causou um desejo enorme de conhecer este novo mundo. Começaram a descer e assim os índios foram povoando este planeta, até que um sábio ancião, sabendo do perigo que aguardava os que para lá desciam e com medo do que podia acontecer com os que não tiveram a oportunidade de descer também, logo retirou a escada e tapou a fenda das nuvens, impedindo o êxodo de todos da tribo para esse “novo mundo” de baixo.
No início tudo lá embaixo era uma beleza, até um dia chegou o homem branco, na nova terra habitada pelos caipós, destruindo toda harmonia que eles também conseguiram estabelecer neste planeta. Este invasor poluiu os rios, o ar, desmataram as florestas o que ocasionou um total descontrole da natureza e da paz anteriormente adquiria por tal povo.  Assim, o povo caipó sentiu uma extrema falta do paraíso em que viviam e tiveram vontade de voltar para lá, mas não podiam porque a escada que dava acesso havia sido retirada há muito tempo e a volta já era impossível, só restava olhar para o as nuvens do céu e as estrelas: Hoje vendo estrelas cintilantes/ nelas vêem a maloca iluminada/ e lamenta a hora de ter vindo / povoar este terra desgraçada/ mas não podem voltar ao paraíso/ as escada de volta foi cortada. (MONTEIRO, p. 06)  
Como pode-se perceber, esta lenda do povo caipó converge para outras duas histórias. A primeira está relacionada ao Gênese bíblico e ao paraíso edênico, que representa a pureza da humanidade, seria o mito da Idade de Ouro amplamente divulgado em várias comunidades primitivas ao redor do mundo. A segunda história está interligada a do descobrimento/invasão do europeu e do homem branco de modo geral, que ainda hoje continua explorando o índio. Isto se pode observar melhor nos seguintes versos:

As floresta de ontem, belas, densas,
pejadas de frutos saborosos,
o ouro dormindo sob o leito
dos rios límpidos e piscosos,
tudo isso lhes foi subtraído
pela gana dos brancos criminosos.
Se dizendo cristãos, mas rancorosos
atiravam ao fogo os discordantes, 
dos milhões de índios que haviam
sob o jugo de leis escravisantes
os poucos restantes nem parecem
os mancebos viris que eram antes.
[...]
O canto tribal hoje é bala
e lamentos do fim de uma raça,
a água é suja, o ar é denso
com cheiro de fogo e de fumaça,
não há peixes nos rios poluído,
não tem flores, por isso não tem caça. 
Dia a dia aumenta a ameaça
contra um povo outrora tão feliz
filhos natos da Terra brasileira
e legítimos donos do País
usurpados por uns 500 anos
esta história é real,mas ninguém diz.
( MONTEIRO, p.07)  
 
Além das histórias acima relacionadas, por meio deste folheto podemos perceber que o poeta retoma o mito do velho sábio, elemento muito recorrente nas tribos indígenas. Isso pode ser notado primeiro durante o decorrer da história, pois é o velho sábio que no passado evita desgraça maior, fechando a fenda entre as nuvens e retirando a escada, como também é um velho da atual tribo que contou tal lenda ao narrador: Falar nisso, lhes peço, escutai/ uma estória que lembro no momento/ ouvi dum índio Caipó/ que sentado ao chão falava lento/ do começo do mundo, e como o homem/ cá chegou, quis saber, fiquei atento. ( MONTEIRO, p.03)  
Outro elemento que nos chama atenção neste folheto é o poeta consegue unir dois gêneros literários que tem por base a oralidade: o folheto de cordel - que já foi puramente oral -  e a lenda indígena. Esta contada, como vimos, por alguém mais experiente da tribo que sob a luz da lua e do fogo tentava explicar os mistérios do mundo ao seu povo. O poeta, mesmo que indiretamente, faz menção a este aspecto logo no inicio do folheto, na sétima estrofe, quando diz: A herança oral dum povo é esta/ que vem vindo de boca em boca e vai/ povoando à mente das pessoas/ hora ensina, hora alegra, hora distrai/ por isso hoje conto ao filho meu/ o que um dia contou meu velho pai.” (MONTEIRO,p.02)   
   Portanto, fica prova e comprovada a capacidade de reconta história, a qualidade e a seriedade com que o poeta Manoel Monteiro tem, de modo que de folheto em folheto ele mesmo vai povoando à mente de seus leitores e nos brindando com belíssimas histórias.
                        
Johniere Alves Ribeiro é Mestrando em Literatura e Interculturalidade. Professor de Literatura


 Escrito por Correio das Artes às 09h30
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"Só a Paraíba não viu Ariano" - LEIA URGENTE

É incrível como a Paraíba é, muitas vezes, ingrata com seus artistas ou com aqueles artistas que escolheram este “ sublime torrão” como morada. Foi o que aconteceu com a peça teatral “Ariano”, escrita por Gustavo Paso e Astier Basílio, texto que ganhou alguns prêmios, que rodou o eixo sudeste, mas que nunca foi exibida na terra onde Ariano Suassuna nasceu  e onde residiu – por muito tempo – ao menos um dos seus produtores: Astier Basílio, filho do poeta Tião, que tinha um programa em uma rádio local, dedicado a cultura popular: “Retalhos do Sertão”.
Ainda bem que temos jornalistas como Linaldo Guedes, que não deixou passar em branco e publicou uma entrevista sobre o tema no ano de 2008.
Leia   com atenção !
Johniere Alves ribeiro   
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Só a Paraíba não viu Ariano
Por Linaldo Guedes
Gustavo Paso é o diretor e um dos autores do texto da peça “Ariano”, que estreou ano passado no Rio de Janeiro e saiu em excursão por algumas cidades do Brasil. Como o próprio título sugere, a peça conta a trajetória do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, que ano passado comemorou os 80 anos em plena atividade, recebendo homenagens do país inteiro.
A peça tem co-autoria do jornalista, poeta e dramaturgo Astier Basílio. Seu elenco conta com vários atores nordestinos. E fala sobre o grande escritor paraibano. Mesmo assim, ainda não foi contratada para se apresentar na Paraíba e no Nordeste. Gustavo conta que já foram feitas gestões neste sentido, mas nada de concreto.
Enquanto isso não acontece, Gustavo vai alinhavando outros projetos. Um deles, chamado “Bodocongó”, que pretende fazer na Paraíba também Astier Basílio. Já no Rio de Janeiro, pensa em adiantar uma versão de Otelo de Shakespeare para estrear ainda este ano. Nesta entrevista, Gustavo fala a esperança de trazer a peça à Paraíba e fala sobre o sucesso do espetáculo.
Gustavo, como surgiu a idéia de montar uma peça sobre Ariano Suassuna?
Do simples desejo de se encenar uma obra de Ariano, de início “A Pedra do Reino...” era o objetivo, mas quando soube que Antunes estava trabalhando buscamos outros caminhos, e o prefácio e posfácio da edição da obra me chamaram atenção para a obra poética de Suassuna. Quando recebi de seu genro o cd Vida Nova Brasileira, afirmei aos meus: “O caminho está na poesia de Ariano!”. O que nos encanta é que hoje no espetáculo todos os personagens que encontram ARIANO dizem a ele: “A SAIDA ESTÁ NA POESIA!”
Como você e Astier cotejam a parte biográfica na dramaturgia?
De forma poética. Abordamos fatos que ocorreram em sua vida privada com muita delicadeza. Escolhemos a música, por exemplo, para representarmos a perda de seu pai, assim como o reencontro, poético, como o mesmo. Isto tudo com muito carinho. Sempre afirmávamos um para o outro: não estamos aqui para falar de nenhum assassino.
E o contato com Astier Basílio, co-autor do texto, como aconteceu? É verdade que vocês se conheceram via internet?Nos conhecemos através de um ensaio que ele escreveu sobre Ariano Suassuna que a atriz da nossa cia teatral Luciana Fávero leu na internet, eu estava muito avançado na pesquisa acerca da vida e obra de Ariano, com inúmeros livros, conversas com Carlos Newton Jr, que para nós foi importantíssimo neste processo, e ainda não tinha começado a escrever a peça de fato. Convidei alguns dramaturgos, vamos dizer “de ofício”, mas todos estavam ocupadíssimos. Ao ler o ensaio de Astier reconheci ali o profundo conhecimento e intimidade com a obra de Ariano e sua importância. Entrei em contato. Escrevemos a quatro mãos e só nos conhecemos no dia 21 de abril. Quando ele esteve nos ensaios aqui no Rio de Janeiro.
De que forma está estruturada a peça?Nas influencias de Ariano. Isto é o que mais nos guiou. Podemos dizer que tecnicamente a Divina Comédia nos “estruturou”, pois a peça está dividia em Sol (inferno), Sangue (purgatório) e Sonho (paraíso), mas estamos impregnados da formação literária de Ariano.  Alguns dizem que não é preciso conhecer a obra de Ariano para gostar, mas se se conhece reconhecerá o valor da obra, pois há na peça informações que servem a ela como história de ficção, porém vão além pois são informações bem mais profundas.
Qual o resultado deste seu profundo encontro com a vida e obra de Ariano Suassuna?
Em dois anos de encontros com sua vida e obra entendi e amo mais o Brasil. Ariano é uma lição de brasilidade. Tudo o que diz deveria ser ecoado... se tivéssemos mais uns 4 parecidos (vivos), estaríamos mais bem protegidos culturalmente. E aprenderíamos mais sobre o Brasil. Quantos conhecem profundamente quem foi Aleijadinho?
Como foi formado o elenco da peça?
Posso afirmar a você que NÃO HÁ TECNOLOGIA MAIS AVANÇADA DO QUE O ATOR! Vou atrás desta tecnologia de ponta! Mesmo conhecendo muitos atores, excelentes atores inclusive... gosto de fazer sempre uma audição quando o elenco a ser formado passa de 4 ou 5 artistas.  Só convidamos, fora da cia, o Gustavo Falcão para fazer o Ariano, um dos melhores atores do Brasil, de sua geração.
Alguma razão especial para realizar audições?
Novas pessoas... novas experiências... Tem muita gente boa que quer desenvolver um trabalho de cia, um trabalho sério, de longo prazo. Os profissionais requisitados às vezes não tem tempo de ensaiar 3 ou 4 meses... por exemplo. Há também de nossa parte o intuito de investir em artistas que possam vir conosco, seguir em frente.
Ariano chegou a ver o espetáculo? O que ele achou?
Não assistiu ainda... Confirmou presença quando formos ao Nordeste! Nos desencontramos duas vezes por cidades que ele visitou por conta das homenagens...
A peça vem recebendo elogios da crítica especializada, como Bárbara Heliodora, e de publicações como Bravo. Fale um pouco sobre essa recepção da crítica.
O que mais me move é a recepção do público, faço teatro para melhorar culturalmente o nível do meu país, sem nenhum tipo de demagogia, quem me conhece sabe que penso desta maneira. Este conceito está um pouco esquecido. Quero levar à cena espetáculos que possam melhorar este nível, há 20 anos tenho isto como meta: qualidade, in-formar com responsabilidade. Acho que o resultado da crítica especial, sim. Pois eles também reconheceram isto. Quando Bárbara Heliodora cita que o “Homenageado Merece!” nos deixa emocionados, assim como o reconhecimento da Bravo!, o Lionel Fischer que escreveu uma crítica apaixonada e sem dúvida do que viu, quando os meios de comunicação devotam seu apreço desta maneira, ficamos naturalmente felizes, com a certeza de que acertamos artisticamente...
A recepção do público, ao assistir o espetáculo?
Foi o alimento mais rico em vitaminas e proteínas que ingeri em 2007! Posso lhe dizer que sou a pessoa mais indicada para lhe dar este depoimento, pois vi todos os espetáculo até hoje! Viajo com a cia, estou todos os dias junto aos atores e técnicos. Presenciar a reação do público realmente está em outro nível, nós ouvimos “bis” e “bravo” em diversos finais de apresentações. Para mim é uma experiência nova que trouxe grande nível de satisfação, simplesmente porque nos dedicamos a construir uma obra nova, nunca feita, que resultou em uma homenagem em vida a um dos maiores nomes da cultura nacional, e o público ovacionou em todos os estados que estivemos.
Vocês estão fazendo excursão pelo Brasil, e além do Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo ainda vão a três estados. Quais são os estados e como está acontecendo esta excursão?
Com enorme dedicação e disponibilidade da cia. Somos uma cia de teatro sem subsídio para existir. As coisas acontecem muito porque o espetáculo repercutiu até fora do país. Tenha certeza de que onde estivermos com ARIANO sempre terá uma empresa ou governo local nos patrocinando. Assim foi nos estados que visitamos. Nós retornaremos com uma temporada de 2 meses no Rio, num teatro de mais de 500 lugares na Zona Sul, faremos Macaé (interior do Rio), e estamos acertando detalhes para voltarmos ao sul do país, Festivais na América do Sul e Europa, mais precisamente Portugal, e talvez Espanha. Mas tudo isto depende de investimento.
Por que a Paraíba, e o Nordeste, não está incluído no roteiro de excursão?
Hoje em dia se não tivermos uma pessoa cuidando para que o espetáculo visite a cidade sendo ela de um dos governos (secretarias de cultura) ou até mesmo produtor local, fica muito difícil. A outra possibilidade é o que estamos tentando há tempos, conseguir por nossa conta, daqui no Rio de Janeiro, empresas do nordeste ou estatais que queiram patrocinar esta nossa ida ao Nordeste.
No caso da Paraíba, vocês chegaram a fazer algum tipo de gestão para traze-la para cá?
Sim, recebemos alguns contatos mas eles não são, como dizer... inteiros. Nós sempre temos que completar com algo. No caso o mais complicado são as passagens. Mas acho que se alguns estados do Nordeste através de suas principais cidades se juntassem isto seria muito fácil. Sempre que nos voltarmos para a união dos povos conseguiremos grandes coisas, é tão simples e tão difícil, não é mesmo?
Depois da peça “Ariano”, tem projeto de uma outra montagem para este 2008?
Estamos empenhados em fazer intercâmbios. Realizaremos uma série de montagens teatrais de pequeno porte em um projeto de intercambio com autores contemporâneos da Europa e da América do Sul, e há um projeto chamado BODOCONGÓ, que quero realizar na Paraíba junto a Astier Basílio com atores daí. A dramaturgia seria feita por ele com minha direção, o processo de montagem “em processo” será com o mesmo conceito do ARIANO. Aqui no Rio podemos adiantar que uma versão de Otelo de Shakespeare estreará ainda este ano.