sexta-feira, 29 de junho de 2012

LISTAS DE CLÁSSICOS DA LITERAURA MUNDIAL E BRASILEIRA



Lista de alguns livros que podem ser baixados pelo www.dominiopublico.gov.br  é só conferir.
Johniere Alves Ribeiro



É só clicar no título para  ler ou imprimir...1. A Divina Comédia -Dante Alighieri 2. A Comédia dos Erros -William Shakespeare 3. Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa 4. Dom Casmurro -Machado de Assis 5. Cancioneiro -Fernando Pessoa&nbSp; 6. Romeu e Julieta -William Shakespeare 7. A Cartomante -Machado de Assis 8. Mensagem -Fernando Pessoa 9. A Carteira -Machado de Assis 10. A Megera Domada -William Shakespeare 11. A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare 12. Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare 13. O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa 14. Dom Casmurro -Machado de Assis 15.. Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa 16. Poesias Inéditas -Fernando Pessoa 17. Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare 18. A Carta -Pero Vaz de Caminha 19. A Igrejaconverted-space"> -Machado de Assis 20. Macbeth -William Shakespeare 21. Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago 22. A Tempestade -William Shakespeare 23. O pastor amoroso -Fernando Pessoa 24. A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós 25. Livro do Desassossego -Fernando Pessoa 26. A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha 27. O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa 28. O Mercador de Veneza -William Shakespeare 29. A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde 30. Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare 31. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis 32. A Mão e a Luva -Machado de Assis 33. Arte Poética -Aristóteles 34. Conto de Inverno -William Shakespeare 35. Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare 36. Antônio e Cleópatra -William Shakespeare 37. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões 38. span style="color:#4040c2">A Metamorfose -Franz Kafka 39. A Cartomante -Machado de Assis 40. Rei Lear -William Shakespeare 41. A Causa Secreta -Machado de Assis 42. Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa 43. Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare 44. Júlio César -William Shakespeare 45. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente 46. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa 47. Cancioneiro -Fernando Pessoa 48. Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional 49. A Ela -Machado de Assis 50. O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa 51. Dom Casmurro -Machado de Assis 52. A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho 53. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa 54. Adão e Eva -Machado de Assis 55. A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo 56. A Chinela Turca -Machado de Assis 57. As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare 58. Poemas Selecionados -Florbela Espanca 59. As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo 60. Iracema -José de Alencar 61. A Mão e a Luva -Machado de Assis 62. Ricardo III -William Shakespeare 63. O Alienista -Machado de Assis 64. Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa 65. A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne 66. A Carteira -Machado de Assis 67. Primeiro Fausto -Fernando Pessoa 68. Senhora -José de Alencar 69. A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães 70. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis 71. a style="color:blue;text-decoration:underline" rel="nofollow" href="www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1803" target="_blank">A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca 72. Sonetos -Luís Vaz de Camões 73. Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos 74. Fausto -Johann Wolfgang von Goethe 75. Iracema -José de Alencar 76. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa 77. Os Maias -José Maria Eça de Queirós 78. O Guarani -José de Alencar 79. A Mulher de Preto -Machado de Assis 80. A Desobediência Civil -Henry David Thoreau 81. A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio 82. A Pianista -Machado de Assis 83. Poemas em Inglês -Fernando Pessoa 84. A Igreja do Diabo -Machado de Assis 85. A Herança -Machado de Assis 86. A chave -Machado de Assis 87. Eu -Augusto dos Anjos 88. As Primaveras -Casimiro de Abreu 89. A Desejada das Gentes -Machado de Assis 90. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa 91. Quincas Borba -Machado de Assis 92. A Segunda Vida -Machado de Assis 93. Os Sertões -Euclides da Cunha 94. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa 95. O Alienista -Machado de Assis 96. Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra 97. Medida Por Medida -William Shakespeare 98. Os Dois CavaLheiros de Verona -William Shakespeare 99. A Alma do Lázaro -José de Alencar 100. A Vida Eterna -Machado de Assis 101. A Causa Secreta -Machado de Assis 102. 14 de Julho na Roça -Raul Pompéia 103. Divina Comedia -Dante Alighieri 104. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós 105. Coriolano -William Shakespeare 106. Astúcias de Marido -Machado de Assis 107. Senhora -José de Alencar 108. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente 109. Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo 110. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis 111. A 'Não-me-toques' ! -Artur Azevedo 112. Os Maias -José Maria Eça de Queirós 113. Obras Seletas -Rui Barbosa 114. A Mão e a Luva -Machado de Assis 115. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco 116. Aurora sem Dia -Machado de Assis 117. Édipo-Rei -Sófocles 118. O Abolicionismo -Joaquim Nabuco 119. Pai Contra Mãe -Machado de Assis 120. O Cortiço -Aluísioo 121. Tito Andrônico -William Shakespeare 122. Adão e Eva -Machado de Assis 123. Os Sertões -Euclides da Cunha 124. Esaú e Jacó -Machado de Assis 125. Don Quixote -Miguel de Cervantes 126. Camões -Joaquim Nabuco 127. Antes que Cases -Machado de Assis 128. A melhor das noivas -Machado de Assis 129. Livro de Mágoas -Florbela Espanca 130. O Cortiço -Aluísio de Azevedo 131. A Relíquia -José Maria Eça de Queirós 132. Helena -Machado de Assis 133. Contos -José Maria Eça de Queirós 134. A Sereníssima República -Machado de Assis 135. Iliada -Homero 136. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco 137. A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco 138. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões 139. Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage 140. Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa 141. Anedota Pecuniária -Machado de Assis 142. A Carne -Júlio RIbeiro 143. O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós 144. Don Quijote -Miguel de Cervantes 145. A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne 146. A Semana -Machado de Assis 147. A viúva Sobral -Machado de Assis 148. A Princesa de Babilônia -Voltaire 149. O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves 150. Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca NaCional 151. Papéis Avulsos -Machado de Assis 152. Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos 153. Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós 154. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós 155. Anedota do Cabriolet -Machado de Assis 156. Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias 157. A Desejada das Gentes -Machado de Assis 158. A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho 159. Don Quixote. Vol. 2 -Miguel de Cervantes Saavedra 160. Almas Agradecidas -Machado de Assis 161. Cartas D'Amor - O Efêmero Feminino -José Maria Eça de Queirós 162. Contos Fluminenses -Machado de Assis 163. Odisséia -Homero 164. Quincas Borba -Machado de Assis 165. A Mulher de Preto -Machado de Assis 166. Balas de Estalo -Machado de Assis 167. A Senhora do Galvão -Machado de Assis 168. O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós 169. A Inglezinha Barcelos -Machado de Assis 170. Capítulos de História Colonial (1500-1800) -João Capistrano de Abreu 171. CHARNECA EM FLOR -Florbela Espanca 172. Cinco Minutos -José de Alencar 173. Memórias de um Sargento de Milícias -Manuel Antônio de Almeida 174. Lucíola -José de Alencar 175. A Parasita Azul -Machado de Assis 176. A Viuvinha -José de Alencar 177. Utopia -ThOmas Morus 178. Missa do Galo -Machado de Assis 179. Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves 180. História da Literatura Brasileira: Fatores da Literatura Brasileira -Sílvio Romero 181. Hamlet -William Shakespeare 182. A Ama-Seca -Artur Azevedo 183. O Espelho -Machado de Assis 184. Helena -Machado de Assis 185. As Academias de Sião -Machado de Assis 186. A Carne -Júlio Ribeiro 187. A Ilustre Casa de Ramires -José Maria Eça de Queirós 188. CoMo e Por Que Sou Romancista -José de Alencar 189. Antes da Missa -Machado de Assis 190. A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio 191. A Carta -Pero Vaz de Caminha 192. LIVRO DE SÓROR SAUDADE -Florbela Espanca 193. A mulher Pálida -Machado de Assis 194. Americanas -Machado de Assis 195. Cândido -Voltaire 196. Viagens de Gulliver -Jonathan Swift 197. El Arte de la Guerra -Sun Tzu 198. Conto de Escola -Machado de Assis 199. Redondilhas -Luís Vaz de Camões 200. Iluminuras -Arthur Rimbaud 201. Schopenhauer -Thomas Mann 202. Carolina -Casimiro de Abreu 203. A esfinge sem segredo -Oscar Wilde 204. Carta de Pero Vaz de Caminha. -Pero Vaz de Caminha 205. Memorial de Aires -Machado de Assis 206. Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto 207. A última receitA -Machado de Assis 208. 7 Canções -Salomão Rovedo 209. Antologia -Antero de Quental 210. O Alienista -Machado de Assis 211. Outras Poesias -Augusto dos Anjos 212. Alma Inquieta -Olavo Bilac 213. A Dança dos Ossos -Bernardo Guimarães 214. A Semana -Machado de Assis 215. Diário Íntimo -Afonso Henriques de LimA Barreto 216. A Casadinha de Fresco -Artur Azevedo 217. Esaú e Jacó -Machado de Assis 218. Canções e Elegias -Luís Vaz de Camões 219. História da Literatura Brasileira -José Veríssimo Dias de Matos 220. A mágoa do Infeliz Cosme -Machado de Assis 221. Seleção de Obras Poéticas -Gregório de Matos 222. Contos de Lima Barreto -Afonso Henriques de Lima Barreto 223. Farsa de Inês Pereira -Gil Vicente&nbsP; 224. A Condessa Vésper -Aluísio de Azevedo 225. Confissões de uma Viúva -Machado de Assis 226. As Bodas de Luís Duarte -Machado de Assis 227. O LIVRO D'ELE -Florbela Espanca 228. O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves 229. A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo 230. Lira dos Vinte Anos -Manuel Antônio Álvares de Azevedo 231. A Orgia dos Duendes -Bernardo Guimarães 232. Kamasutra -Mallanâga Vâtsyâyana 233. Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto 234. A Bela Madame Vargas -João do Rio 235. Uma Estação no Inferno -Arthur Rimbaud 236. Cinco Mulheres -Machado de Assis 237. A Confissão de Lúcio -Mário de Sá-Carneiro 238. O Cortiço -Aluísio Azevedo 239. RELIQUIAE -Florbela Espanca 240. Minha formação -Joaquim Nabuco 241. A Conselho do Marido -Artur Azevedo 242. Auto da Alma -Gil Vicente 243. 345 -Artur Azevedo 244. O Dicionário -Machado de Assis 245. Contos Gauchescos -João Simões Lopes Neto 246.. A idéia do Ezequiel Maia -Machado de Assis 247. AMOR COM AMOR SE PAGA -França Júnior 248. Cinco minutos -José de Alencar 249. Lucíola -José de Alencar 250. Aos Vinte Anos -Aluísio de Azevedo 251. A Poesia Interminável -João da Cruz e Sousa 252. A Alegria da Revolução -Ken Knab 253. O Ateneu -Raul Pompéia 254. O Homem que Sabia Javanês e Outros Contos -Afonso Henriques de Lima Barreto 255. Ayres e Vergueiro -Machado de Assis 256. A Campanha Abolicionista -José Carlos do Patrocínio 257. Noite de Almirante -Machado de Assis 258. O Sertanejo -José de Alencar 259. A Conquista -Coelho Neto 260. Casa Velha -Machado de Assis 261. O Enfermeiro -Machado de Assis 262.&nBsp;O Livro de Cesário Verde -José Joaquim Cesário Verde 263. Casa de Pensão -Aluísio de Azevedo 264. A Luneta Mágica -Joaquim Manuel de Macedo 265. Poemas -Safo 266. A Viuvinha -José de Alencar 267. Coisas que Só Eu Sei -Camilo Castelo Branco 268. Contos para Velhos -Olavo Bilac 269. Ulysses -James Joyce 270. 13 Oktobro 1582 -Luiz Ferreira Portella Filho 271. Cícero -Plutarco 272. Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves 273. Confissões de uma Viúva Moça -Machado de Assis 274. As Religiões no Rio -João do Rio 275. Várias Histórias -Machado de Assis 276. A Arrábida -Vania Ribas Ulbricht 277. Bons Dias -Machado de Assis 278. O Elixir da Longa Vida -Honoré de Balzac 279. A Capital Federal -Artur Azevedo 280. A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães 281. As Forças Caudinas -Machado de Assis 282. Coração, Cabeça e Estômago -Camilo Castelo Branco 283. Balas de Estalo -Machado de Assis 284. AS VIAGENS -Olavo Bilac 285. Antigonas -Sofócles 286. A Dívida -Artur Azevedo 287. Sermão da Sexagésima -Pe. Antônio Vieira 288. Uns Braços -Machado de Assis 289. Ubirajara -José de Alencar 290. Poética -Aristóteles 291. Bom Crioulo -Adolfo Ferreira Caminha 292. A Cruz Mutilada -Vania Ribas Ulbricht 293. Antes da Rocha Tapéia -Machado de Assis 294. Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos -Manuel Antônio Álvares de Azevedo 295. Histórias da Meia-Noite -Machado de Assis 296. Via-Láctea -Olavo Bilac 297. O Mulato -Aluísio de Azevedo 298. O Primo Basílio - José Maria Eça de Queirós 299. Os Escravos -Antônio Frederico de Castro Alves 300. A Pata da Gazela -José de Alencar 301. BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA -Alcântara Machado 302. Vozes d'África -Antônio Frederico de Castro Alves 303.. Memórias de um Sargento de Milícias -Manuel Antônio de Almeida 304. O que é o Casamento? -José de Alencar 305. A Harpa do Crente -Vania Ribas Ulbricht

LITERATURA MUNDIAL EM SUAS MÃOS - É SÓ BAIXAR

Nunca ficou tão fácil ler bons livros. Se você tem interesse em ler  boa parte dos Clássicos da Literatura Mundial e da Literatura Brasileira você pode ter de graça. Alguns deles já foram indicados como leitura obrigatória em vestibulares pelo país inteiro.
Então, o que você está esperando? Leia a lista e baixe o seu.
Johniere Alves Ribeiro

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.BOAS LEITURAS.........
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente: ·Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis
Ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA
· e muito mais...



O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso,basta acessar o site:
www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!


Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.

terça-feira, 19 de junho de 2012

RETEXTUALIZANDO OBRAS DE ARTES - PARÓDIA / PARÁFRASE


Engam-se aqueles que pensam que as artes são coisas associadas ao passado, aos museus; e que Literatura e Artes Plásticas não passam de um “montão de quinquilharias”. As artes se renovam ao longo do tempo e pode: modificar-se, adaptar-se ao mundo globalizado. Para isto alguns autores utilizam recursos como o humor, à paródia e à paráfrase e dessa maneira “retextualizam” e “ reinventam” estilos, dando-lhes um caráter mais “atual” e “criativo”.   


JOHNIERE ALVES RIBEIRO
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Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas idéias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia.
Paráfrase
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a idéia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas idéias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.
Paródia
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, freqüentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia.
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paródia
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil. ( ADAPTADO DE infoescola)
VEJA COMO ISTO ACONTECE NA PINTURA:





terça-feira, 12 de junho de 2012

Literatura Chinesa - Li PO

Conheci a história de Li Po em um livro de Marisa Lajolo ( Descobrindo a Literatura ) em conto – “ A maldição da palavra secreta” -  de mistério contido no mesmo livro. Este foi o meu primeiro contato com a Literatura Chinesa, daí fiquei interessado no misterioso mensageiro imperial e decidi pesquisar um pouco mais. Assim, o texto que segue é fruto da minha curiosidade e do mistério que envolve os contos chineses.
Conheça um pouco desta literatura ainda pouco divulgada no mundo ocidental.
O autor que estaremos apresentando é Li-Po, que é o personagem central do conto citado acima.
Boa Leitura!!!!! 
Johniere Alves Ribeiro
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Quem relamente  foi Li PO?

Li Bai, Li Po ou Li Bo (chinês: 李白, pinyin: Lǐ Bái, Wade-Giles: Li Pai) (701-762) foi um poeta chinês considerado o maior poeta romântico da dinastia Tang. O caráter , pronunciado bái em mandarim moderno, tinha no passado uma pronunciação alternativa pó, motivo pelo qual seu nome transcrevia-se antigamente como Li Po, representação segundo o sistema Wade-Giles.
Conhecido como o poeta imortal, encontra-se entre os mais respeitados poetas da história da literatura chinesa. Aproximadamente mil poemas seus subsistem em nossos dias.
As primeiras traduções para uma língua ocidental foram publicados em 1862 por Marie-Jean-Léon no seu Poésies de l'Époque des Thang.[1] Em inglês, os trabalhos de Li Bai foram introduzidos pela publicação de Herbert Allen Giles, História da Literatura Chinesa, em 1901, e através da liberal, mas poeticamente influente, tradução da versão japonesa de seus poemas feita por Ezra Pound.[2]
Li Bai é mais conhecido pela sua imaginação extravagante e as imagens taoístas da sua poesia, ao mesmo tempo em que pelo seu grande amor à bebida. Assim como Du Fu, Li Bai passou grande parte da sua vida viajando, situação que se pôde permitir graças à sua confortável situação econômica. Diz-se que morreu afogado no rio Yangzi, tendo caído do seu bote ao tentar abraçar o reflexo da lua, estando sob os efeitos do álcool.
Li Bai, contemporâneo de Wang Wei, foi o filho de um mercador rico. Seu lugar de nascimento é incerto, mas um candidato é Suiye, na Ásia Central (nas cercanias do atual Tokmak no Quirguistão). Quando tinha só cinco anos de idade sua família mudou-se a Jiangyou, perto da moderna Chengdu na província de Sichuan.

Foi influenciado pelo pensamento confuciano e taoísta, mas finalmente sua herança de família não permitiu grandes oportunidades dentro da aristocrática dinastia Tang. Apesar de expressar seu desejo de tornar-se oficial, não se apresentou ao exame de serviço civil chinês. Por outro lado, à idade de 25 anos, dedicou-se a viajar pela China, desenvolvendo uma pessoalidade selvagem e livre, muito ao contrário das idéias prevalecentes de um cavaleiro confuciano correto.
É considerado fundador também de um estilo de Kung-Fu chamado Os oito imortais bêbados, estilo taoísta muito difícil de executar e que requer muitas faculdades físicas na sua aprendizagem e baseia-se em enganar ao oponente com movimentos extravagantes, titubeando, ações desconcertantes e sem continuidade lógica (este estilo foi famoso pelos filmes de artes marciais de Jackie Chan na década de 1970). Esta imagem fascinou tanto aos aristocratas como às pessoas comuns e Li Bai foi finalmente apresentado ao imperador Xuan Zong em 742.
Foi-lhe outorgado um cargo na Academia Hanlin, que formava a intelectuais expertos para a corte imperial. Li Bai permaneceu durante menos de dois anos como poeta ao serviço do imperador, mas foi finalmente despedido por uma indiscrição desconhecida. Em conseqüência, vagou pela China durante o resto sua vida. Conheceu a Du Fu no outono de 744 e voltou-o encontrar o ano seguinte. Estas foram as únicas ocasiões em que se encontraram, mas sua amizade continuou sendo muito importante para Du Fu (existem ainda uma dúzia dos seus poemas relacionados com Li Bai, comparado com somente um de Li Bai a Du Fu). No momento da rebelião de An Lushan envolveu-se numa revolta subsidiária contra o imperador, embora não se conheça com segurança em que medida se tratasse de uma ação voluntária -Li Bai soube manter uma posição ambígua mediante a elaboração de poemas que não determinavam claramente sua postura para os sublevados-. O insucesso da rebelião teve como conseqüência seu segundo exílio para Yelang. Foi absolto antes que o tempo do seu desterro terminara.
Li Bai faleceu em Dangtu, atual Anhui. Alguns eruditos crêem que sua morte foi o resultado de um envenenamento por mercúrio logo de um longo historial de consumo de escolheres taoístas para a longevidade, enquanto outros crêem que faleceu por envenenamento com álcool. A lenda romântica sobre a morte de Li Bai fala do falecimento de um poeta, quando uma noite passeava em barca, ébrio, e lançou-se à água para abraçar o reflexo da lua, afogando-se. ( Texto adaptado por Johniere Alves Ribeiro)

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 Alguns poemas atribuídos a Li PO



A POESIA DE LI PO


O amigo Horácio Paiva, poeta, de quem já publiquei aqui diversos poemas, me enviou 4 poemas do poeta chines LI PO (701-762), com tradução de José Jorge de Carvalho. Ei-los.

O TEMPLO DO CUME

Passo esta noite no Templo do Cume.
Aqui eu poderia apanhar as estrelas com a minha mão.
Não ouso alçar a voz em meio ao silêncio,
com medo de perturbar os habitantes do céu.

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A MONTANHA CHING-TING

Bando de pássaros revoaram alto e distante;
um floco solitário de nuvens cruzou o azul.
Eu me sento sozinho com o Pico Ching-Ting,
imponente em seu cume.
Jamais nos cansamos um do outro,
a montanha e eu.

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OLHANDO AS CATARATAS NO MONTE LU
A luz do sol queima o Pico do Incenso
e faz surgir uma fumaça violeta.
De um ponto distante observo a catarata
mergulhar no rio imenso.
Vejo as águas em vôo descendo mil metros em linha reta
e me pergunto se não é a Via Láctea que se precipita
da nona esfera do céu.
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BEBENDO À LUZ DA LUA

Um jarro de vinho entre as flores,
bebo sozinho - nenhum amigo me acompanha.
Alço minha taça, convido a lua
e minha sombra - agora somos três.
A lua não bebe
e minha sombra apenas imita meus gestos.
Mesmo assim, são elas as minhas companhias.
É primavera, tempo de festa -
canto, a lua escuta e cintila;
danço, minha sombra se agita, animada.
Enquanto estou sóbrio, juntos estamos os três;
quando me embriago, cada um segue seu rumo.
Selamos uma amizade que nenhum mortal conhece.
E juramos nos encontrar no mundo além das nuvens.



Um pouco mais das relações existentes entre a Psicanálise e a Literatura.
Gostei muito deste artigo e por isso compartilho, espero que gotem também,


Johniere Alvesa Ribeiro

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Psicanálise e Literatura: A Interpretação
Olga de Sá


RESUMO
Trata-se das relações entre Psicanálise e Literatura, a partir dos textos de Psicanálise Aplicada de Freud, tendo como tema a interpretação de textos.
ABSTRACT
It is about the relationships between Pscychoanalysis and Literature, starting from the texts of Applied Pscychoanalysis of Freud, tends as theme the interpretation of texts.



Os estudos das relações entre Psicanálise e Literatura, Psicanálise e Semiótica estão, cada vez mais, na ordem do dia. Essas relações passam, necessariamente, pelo enfoque psicanalítico do texto do paciente e pelo enfoque literário ou/e semiótico do texto artístico, em geral, e mais especificamente, do texto literário, pois também a Psicanálise trabalha com o Verbal. Via interpretação.
A interpretação de textos artísticos e literários foi uma das atividades de análise, exercida por Freud.
Freud declarou que embora não fosse um conhecedor de arte, mas um leigo, no assunto, contudo as obras de arte sempre exerceram sobre ele um efeito poderoso, sobretudo a literatura e a escultura e, menos freqüentemente, a pintura. Passava longo tempo contemplando-as, tentando apreendê-las à sua maneira e explicar-se a razão de seu efeito sobre si mesmo e sobre outras pessoas.
Sua dificuldade maior era com a música, pois a inclinação racionalista ou analítica de sua mente insurgia-se contra o fato de emocionar-se sem poder explicar o motivo de tal comoção. Segundo Freud, as maiores criações de arte são incompreensíveis e constituem verdadeiros enigmas. Esse estado de "perplexidade intelectual" pode ser uma condição necessária para a fruição da obra de arte.
Freud, inconformado com essa falta de explicação, dirige sua análise então, para a intenção do artista, não para compreendê-la intelectualmente. Expressa na obra, essa intenção deve despertar em nós a mesma "constelação mental" que no artista produziu o ímpeto de criar.
Assim, a intenção do artista concretizada na obra, no texto, poderia ser compreendida e comunicada em palavras, como todos os outros fenômenos da vida mental.
Daí, segundo Freud, ser impossível compreender uma obra de arte, sem aplicar-lhe a Psicanálise, isto é, interpretá-la, descobrir-lhe o significado e o conteúdo. (Freud, 1992: 497).
Freud declara não ser atraído pelas qualidades formais e técnicas da arte, embora essas tenham mais valor para o artista.
Interessa-lhe saber de que fontes o artista - esse estranho ser - retira seu material e desperta em nós emoções que desconhecíamos. Somos também incapazes, por mais explicações que encontremos, de tornar-nos poetas ou escritores.
Freud levanta a hipótese de procurar, na infância, os traços da atividade imaginativa do artista. Encontra-os na atividade favorita e mais intensa da criança, que são os jogos e o brinquedo.
Ao brincar, toda criança comporta-se como um artista, cria um mundo novo, ajustando em forma nova os elementos de seu próprio mundo .
A antítese do brincar é o real.
O poeta faz o mesmo que a criança ao brincar: cria um mundo de fantasia, leva-o a sério, investe nele grande quantidade de emoção - catexia - e distingue-o muito bem da realidade.
Ao crescerem, diz Freud, as pessoas param de brincar e perdem o prazer da infância.
Mas não renunciam a ele. Trocam-no por outro, pelo fantasiar. Criam devaneios, difíceis de observar, porque os adultos se envergonham de suas fantasias e as ocultam, por serem infantis e, muitas vezes, por serem proibidas.
Conhecemos essas fantasias, porque muitas pessoas, vítimas de doenças nervosas, são obrigadas a revelar a um médico seus devaneios, para serem curadas. A Psicanálise é a melhor fonte de conhecimento das fantasias dos adultos, realizações de desejos reprimidos ( Freud, 1992: 423).
Assim, a ênfase que Freud coloca na infância, ao analisar uma obra de arte como a de Leonardo Da Vinci, por exemplo, deriva da suposição de que a obra literária como o devaneio é um substituto do brincar infantil (Freud, 1992 : 426).
Porque a obra de arte produz em nós prazer, quando o relato direto das fantasias de uma pessoa nos causa indiferença ou até repulsa?
A "ars poética" ou a técnica do escritor ou do poeta - sempre inexplicável para nós - é que nos leva a superar essas barreiras. Ou porque o escritor nos suborna com o prazer puramente formal ou estético que suaviza ou disfarça o caráter egocêntrico de seus devaneios ou porque o escritor nos proporciona um prazer semelhante ao seu, ao devanear: nos deleitamos com nossas próprias fantasias e nos liberamos de tensões (Freud, 1992: 426-7).
Essas idéias levaram Freud a endereçar sua pesquisa psiquiátrica a alguns grandes nomes da História da Arte e da Literatura, fazendo o que ele chamou a "psicografia do artista criador".
Declarou acreditar que "não existe ninguém tão grande que venha a ser desonrado simplesmente por estar sujeito às leis que regem, igualmente, as atividades normais e as patológicas"(Freud, 1992: 428).
Em seu ensaio "O poeta e a fantasia"(1908), que vamos citando, Freud focalizou a relação entre o brinquedo infantil e as fantasias criativas.
Na verdade o título inglês do ensaio "Creative Writers and Day - Dreaming" orientou a tradução brasileira da Ed. Imago "Escritores criativos e devaneios". Mas a palavra Dichter, do título alemão, refere-se tanto a romancistas como a dramaturgos e poetas.
Esse Ensaio é a maior contribuição de Freud para a compreensão da Psicologia da criação artística. Esta é, aliás, a opinião de Peter Gay, na breve introdução que lhe faz.
Freud também interpretou obras de Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Dostoievski, Goethe, Shakespeare, Jensen, Hoffmann etc..
O primeiro estudo publicado, sobre obra literária em 1907, foi "Delírios e Sonhos na Gradiva de Jensen".
"Uma recordação infantil de Leonardo Da Vinci", de 1910, é uma biografia psicanalítica.
As considerações que Freud tece sobre a homossexualidade de Leonardo, como um tipo particular de escolha de objeto, como diz Peter Gay em seus comentários, guardam ainda hoje grande interesse (Freud, 1992: 427).
A Psicanálise descreve a psicografia de uma personalidade para compreender complexos e metamorfoses, leis da vida psicológica humana de pessoas célebres para ilustrar a teoria freudiana sobre o Inconsciente.
A Psicanálise não pretende explicar a criação artística, pois para Freud, o poeta é uma espécie de feiticeiro, guiado pela inspiração. As pulsões que levam um artista a criar seriam as mesmas que levam outras pessoas à neurose.
Porém, o artista exprime suas fantasias, torna-as aceitáveis e até prazerosas a outros, realizando os desejos próprios e os alheios.
Embora, o ensaio de Freud sobre "O Moisés de Michelangelo" seja, segundo Dante Moreira Leite, a melhor introdução sobre a maneira freuadiana de interpretar a obra de arte, por tratar-se de uma obra de escultura, não vamos enfocá-la (Leite, 1987: 117).
Vamos deter-nos em obras especificamente literárias. Por exemplo: "Uma lembrança infantil de Goethe" em Poesia e Verdade.
Segundo Freud, Goethe começou a redigir sua biografia aos 60 anos. Narra ele a cena das louças, cena de sua primeira infância. Goethe, com ciúmes de seus irmãos, incentivado pelos vizinhos, joga as louças recém-compradas pela janela, como faria "o filho único", desfazendo-se de seus irmãos.
Freud atribui grande valor às recordações da primeira infância. Um fato que escapa ao esquecimento não pode ser insignificante. Devemos suspeitar que o que foi conservado na memória é também parte importante dos acontecimentos daquela época da vida. Ou já tinha importância naquelas circunstâncias ou adquiriu-a mais tarde, sob a influência de situações posteriores. A fim de reconhecer sua relevância é necessário certo trabalho de interpretação. Na elaboração psicanalítica de uma biografia, muitas vezes, se consegue esclarecer o significado das primeiras recordações infantis. A recordação que se descreve primeiro é sempre a mais importante, a que encerra em si a chave dos compartimentos secretos da vida anímica daquela pessoa.
Mesmo levando em conta que o prazer de Goethe menino fosse causado pelo barulho das louças quebradas, jogar "pela janela" constituí parte importantíssima do ato mágico e de seu sentido oculto. A nova criança deve ser jogada "fora de casa", e, sendo possível, pela janela, que é por onde veio.
Eis o que escreve Goethe:
"Fui um filho de sorte; o destino conservou-me com vida, não obstante ter eu nascido aparentemente morto. Mas eliminou a meu irmão de modo que não precisei repartir, com ele, o amor da mãe" (apud Speyer, 1963: 44).
Goethe encabeçou sua biografia com estas palavras: "a raiz da minha força foi a minha posição privilegiada em relação à mãe" (apud Speyer, 1963: 45).
Freud se serve da análise de um texto literário para confirmar suas teorias, e, neste caso particular, o complexo de Édipo.
Analisa também o tema do parricídio na vida e na obra de Dostoievski, sublinhando o complexo de castração e o sentimento de culpa, processos derivados do complexo de Édipo.
Com o assassinato do pai, a realidade cumpriu os desejos reprimidos de Dostoievski, que passou a punir-se mais violentamente por meio dos ataques de epilepsia.
O ataque epilético é precedido por um instante de máxima felicidade, fixado talvez no sentimento de triunfo.
Semelhante sensação de triunfo e de pesar, encontramo-la retratada na obra de Dostoievski, Os irmãos Karamazoff, depois do assassinato do pai.
A condenação de Dostoievski pelo Czar (o paizinho) como delinqüente político, apesar de injusta, foi aceita pelo escritor, como substituição do castigo de que seu pecado contra seu verdadeiro pai o tinha tornado merecedor.
No romance, Dostoievski cria uma situação semelhante à sua própria: os filhos desejam matar o pai, e este é morto pelo irmão a quem Dostoievski atribui a epilepsia, como se quisesse confessar que o epilético, que havia nele, era um parricida (Freud, 1992: 203-23).
O fato de pesquisas recentes terem descoberto que o assassinato do pai de Dostoievski é duvidoso não tem grande importância. As psicobiografias não pretendem reconstruir a verdadeira infância do artista, mas descobrir que fantasias as obras de arte manifestam.
Ao analisar Os irmãos Karamazoff, por exemplo, Freud descreve a cisão da personalidade de Dostoievski nas várias personagens do romance como no estudo sobre Leonardo descreveu a escolha do objeto narcísico e certa forma de narcisismo.
Em "O tema dos três escrínios", "descreve a relação com os três aspectos maternos: a mãe que dá amor, que se torna uma parceira e que traz a morte. Sugere que a escolha do terceiro escrínio, o de chumbo, que faz Antônio em "O mercador de Veneza", representa a escolha da morte. De modo semelhante, interpreta Cordélia, em "Rei Lear", como símbolo da morte, e a reconciliação de Lear com Cordélia, a reconciliação com a morte". (Segal, 1993: 86).
Freud diz a respeito de suas próprias interpretações de obras de ficção:
"Como, aliás, todo o sintoma neurótico, e como o próprio sonho são possíveis de super-interpretação(1), que mesmo lhes é indispensável para serem exaustivamente compreendidos, assim também qualquer legítima criação poética terá nascido de mais de um motivo, de mais de um estímulo na alma do poeta, e possibilitará mais de uma interpretação. Eu aqui tentei interpretar apenas a camada mais profunda do que se passa na alma do poeta-criador" (Speyer, 1963: 52).
Em outra oportunidade diz a respeito de Shakespeare:
"Consideremos a obra-prima de Shakespeare, Hamlet, peça hoje com mais de três séculos. Tenho acompanhado de perto a literatura psicanalítica e aceito sua pretensão de que somente depois de ter tido o material da tragédia remontado pela psicanálise ao tema edipiano é que o mistério de seu efeito foi por fim explicado. Mas antes que isso fosse feito, que volumes de esforços interpretativos diferentes e contraditórios, que variedade de opiniões sobre o caráter do herói e as intenções do dramaturgo". (Freud, 1992: 497).
Foram feitas muitas críticas a Freud quanto à sua pretensão de atribuir uma única significação verdadeira e mais profunda para a obra de arte de um poeta ou artista criador: a encontrada pela análise psicanalítica. É inegável porém a contribuição da Psicanálise à arte, em geral, e à literatura, em especial, e da Arte à Psicanálise.
A Psicanálise tem tudo a ver com a palavra.
Embora tenha sido Lacan quem reexaminou todo o campo da linguagem, em Psicanálise, centrando-o no conceito de significante - tirado da lingüistica saussuriana - a partir de Breuer e Freud já se destaca o traço da "verbalização", na análise psicanalítica.
No caso de Anna O ., ela curou-se não só pela "tomada de consciência" de seu trauma, mas por ter finalmente falado o que nunca havia dito antes. Foi uma cura pela palavra, como a chamou Anna O .: "talking cure". Curou-se porque conseguiu dizer o nojo que sentiu, ao ver o cão beber água no copo.
As formações do Inconsciente são reguladas pela linguagem. "O Inconsciente é estruturado como linguagem", dirá Lacan. É o que acontece no sonho, cuja interpretação é chamada a via régia da Psicanálise. Texto complexo, sua leitura exige uma atenção particular do analista. É também o caso do chiste que engana a censura, dando a entender o que é proibido, como demonstra Freud em seu artigo: "Os chistes e sua relação com o Inconsciente"(1905). (Freud, 1992: V. VIII).
É o caso dos lapsos de linguagem, dos atos falhos que aludem a um desejo, expressando-o pela metáfora ou pela metonímia.
Aliás, para Lacan, é porque fala que o sujeito se pergunta "Quem sou eu?" e se engaja na busca do ser. Assim, Lacan designa o ser humano como "falasser", porque o ser é um efeito da linguagem.
A Linguagem é importante para o ser humano, na infância, antes mesmo da intenção de significar. O significante não é apenas um efeito de sentido. O "Homem dos ratos", analisado por Freud, é tomado pelo desejo de emagrecer. "Gordo" em alemão é "dick" e Dick é o nome de um rival, de quem o Homem dos ratos queria se desfazer. Matar Dick é o mesmo que "dick" = emagrecer.
O sintoma substitui o que não foi dito. O sintoma, no caso, é o "significante"de um significado, inacessível ao sujeito.
O "Homem dos lobos", também analisado por Freud, é um exemplo conhecido e esclarecedor. Aparece, no tratamento, sempre o mesmo símbolo representado pela letra V ou o cinco romano V. Às cinco da tarde o paciente tinha crises depressivas, em sua infância. Essa também era a hora de uma cena primitiva: ele vira os pais mantendo relação sexual. Teve também conflitos com diversas pessoas, cujo nome começava com V ou W. em sonhos; simbolizando a castração, são arrancadas as asas de uma vespa (Wespe) que ele diz espe ou SP. O V invertido à representa as orelhas dos lobos.
Assim, talvez se devesse fazer referência mais à poética que à lingüística, quando se trata de interpretação. O analista deve estar atento às diversas conotações do significante. A estrutura da linguagem não se esgota na dimensão horizontal: sintaxe e articulação de sintagmas. Mas se torna mais complexa com as figuras ou tropos: metáfora - uma palavra substitui outra - ou metonímia - conexão de uma palavra com outra. Assim se criam novas significações.
Metáfora e metonímia podem ser aproximadas dos processos oníricos: condensação e deslocamento.
O texto literário e o texto do paciente exigem interpretação. Existe sempre um sentido manifesto e um sentido latente, que o analista faz surgir. Esta foi uma das principais contribuições de Freud ao conhecimento do sujeito humano.
Também , no caso dos sonhos, se interpreta o sonho manifesto, para que se revele o sentido latente, escondido freqüentemente sob seus aspectos absurdos e incoerentes, levando sempre em conta as associações do sonhador.
A interpretação jamais deve privilegiar um sentido em detrimento de outros possíveis, devido a cadeias associativas diferentes.
A polissemia caracteriza a linguagem. A poesia, por exemplo, faz ressoar muitos sentidos.
Assim também, o analista evita que suas intervenções sejam entendidas como unívocas. Mas, baseado nas palavras mestras que orientam a história do paciente, o analista faz valer o caráter polissêmico das palavras.
A interpretação apresenta ao paciente novas significações, como acontece na interpretação de um texto literário. O crítico ou analista de uma obra literária jamais afirma que sua leitura é a verdadeira, e muito menos, a única possível.
As aproximações que nos ocorrem a respeito de interpretação psicanalítica e interpretação literária nos fazem lembrar da paródia e da paráfrase.
Geralmente se entende paródia no sentido de burla ou zombaria.
Tomamos paródia no seu sentido etimológico de "canto paralelo". A paródia, neste sentido, é um texto-segundo, que se constrói sobre um texto-primeiro, que lhe serve de suporte. Existe, portanto, a paródia séria, sobre um texto, que o artista admira e respeita e com o qual dialoga, uma espécie de intertexto.
Teçamos algumas considerações apoiadas nas observações de Affonso Romano de Sant'Anna.
A paródia é modernidade. Embora não seja recente, intensificou-se o seu uso.
A paródia se define como um jogo de textos e este aspecto é que nos interessa, no momento. Um jogo de textos em que os dois planos aparecem deslocados. Emprega-se a fala de um outro, no caso da Psicanálise, do Inconsciente. A segunda voz, depois de se ter alojado na outra fala, obriga-a a decifrar-se.
A paráfrase não acentua esse aspecto de deslocamento. Ela traduz. Colhendo um conhecido exemplo literário, segundo Sant 'Anna:
Texto original: Gonçalves Dias:
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá
Paráfrase - Carlos Drummond de Andrade - "Europa, França e Bahia"
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a "Canção do Exílio"
Como era mesmo a "Canção do Exílio?"
Eu tão esquecido da minha terra...
Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá!
Paródia - Oswald de Andrade - "Canto de regresso à Pátria"
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
Na paráfrase de Drummond, o deslocamento é mínimo e ele usa uma técnica de citação ou transcrição. No texto de Oswald, o distanciamento é grande e ocorre um processo de inversão de sentido.
A paródia está do lado do novo, do diferente; a paráfrase, do lado do idêntico, do semelhante. A paródia contesta. A paráfrase é conservadora.
Na paráfrase alguém está abrindo mão de sua voz para deixar falar a voz do outro. Na paródia, busca-se a fala recalcada do outro.
A paráfrase é um discurso sem voz, pois está falando o que o outro já disse. Não há a tensão entre os dois jogadores. A paródia é uma disputa aberta de sentido, um choque de interpretação.
Pode-se também explorar a relação que existe entre paródia e representação. A representação na literatura está ligada ao drama e ao teatro; mas, na psicanálise, representação é re-apresentação.
A re-apresentação psicanalítica é a emergência de algo que ficou recalcado e agora volta à tona. É como o que ocorre no sonho. O sonho nos re-apresenta algum desejo não realizado no dia-a-dia. O sonho nos possibilita desrecalcar e liberar nossas tensões. O texto paródico faz uma re-apresentação do discurso. A paráfrase é uma espécie de espelho. A paródia é uma lente que exagera os detalhes de tal modo que pode converter uma parte num elemento dominante. Ela procura decifrar o enigma da Linguagem, busca a diferença e autonomia. (Sant'Anna, 1988: cap. 5 e 6).
Em certos casos, no contexto psicanalítico, o doente sofre de uma afasia sensorial e não pode pronunciar a palavra; permanece na paráfrase enquanto repetição, e não encontra o sinônimo.
Lembremos a afirmação de Heidegger: "A linguagem é a casa do ser" e, portanto, as patologias da linguagem são sintomáticas das patologias do ser e estas sempre se manifestam na linguagem.




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