domingo, 26 de agosto de 2012

PROJETO DE PESQUISA - MODELO

Fazer um projeto de pesquisa  é algo trabalhoso . E que requer, do pesquisador, um cuidado com as normas da escrita deste tipo de texto.  Diante disto segue algumas dicas para montar o seu projeto.
Tomei como fonte um modelo indicado pela Universidade Franca, por ser prático. Mesmo sendo na área de saúde, o modelo proposto porde servir para qualquer outra área do conhecimento, é só fazer as adequações necessárias.  Lei com atenção e boa sorte.

Johniere Alves Ribeiro

__________________________________________
UNIVERSIDADE DE FRANCA
PÓS-GRADUAÇÃO
PROCESSO SELETIVO PARA INGRESSO NO PROGRAMA DE MESTRADO
EM PROMOÇÃO DE SAÚDE
MODELO DE PRÉ-PROJETO DE PESQUISA


TÍTULO
Deve ser claro e objetivo, sintetizando do que se trata a pesquisa.

1. Introdução

1.1. Contextualização
Inicie seu trabalho, contextualizando, de forma sucinta, o tema de sua pesquisa dentro do referencial teórico da promoção de saúde. Contextualizar significa abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema a seguir será identificado. É uma introdução do leitor ao tema, onde se encontra o problema, de forma a permitir-lhe uma visualização situacional do problema.

1.2. Problema
A seguir afunile a visão macro do tema, para o problema a ser pesquisado. Concentre-se somente no seu problema e identifique -o claramente. Delimite que aspectos ou elementos do problema você irá tratar. Seja claro e preciso nesta parte. Lembre-se, a identificação e delimitação clara do problema é o primeiro passo para aprovação do projeto e êxito na sua execução.

1.3. Problematização (hipóteses / perguntas de pesquisa / pressupostos)

Depois de definido o seu problema de pesquisa este poderá ser desmembrado em hipóteses, perguntas de pesquisa, pressupostos ou em indicadores. Estes irão determinar as relações entre as variáveis que deram origem ao problema de pesquisa.

1.4. Justificativa

Apresente neste parágrafo as justificativas técnicas, científicas e sociais da sua proposta. Arrole e explicite argumentos que indiquem que sua pesquisa é significativa, importante ou relevante.

2. Objetivos
Aqui você indica, clara e exatamente, o que você quer fazer, que metas você quer alcançar com a sua pesquisa.

3. Material e Métodos

Aqui você desenha sua pesquisa. Em outras palavras, indique como pretende executá-la. Isto é, se for uma pesquisa qualitativa, de que maneira você pretende coletar e analisar os dados qualitativos (observação/entrevistas,etc). Se for uma pesquisa quantitativa, de que maneira pretende coletar dados. Apresente em linhas gerais o método a ser utilizado para a execução da pesquisa. Conforme área de atuação, utilizar os seguintes:
População e amostragem: você deve identificar a população da qual você está retirando a sua amostra.
Coleta de dados: neste item você indica como irá operacionalizar a coleta dos dados (enviando questionários por Correio, ou pessoalmente; anotando os resultados da reação em tempos pré -determinados, etc).
Análise e Interpretação dos Resultados: descreva neste item como você vai analisar os resultados da pesquisa (se a pesquisa for qualitativa, as respostas podem ser interpretadas global ou individualmente, se a pesquisa for quantitativa, você provavelmente irá utilizar a estatística descritiva (média, mediana, moda, desvio padrão, tendência central) ou estatística inferencial (regressão linear bivariada, multivariada, etc).

4. Referências

Todas as citações feitas no texto deverão ser arroladas no final da proposta. Utilize as Normas da ABNT para padronizar sua lista de Referências.

OBS.: na digitação da Proposta de Pesquisa, deverá ser utilizada: folha A4, fonte (letra) ARIAL, tamanho 12, espaçamento entre linhas 1,5, software Word for Windows 6.0 ou superior. As margens deverão ser: superior 3,0 cm, inferior 2,0 cm, direita 2,0 cm e esquerda 3,0 cm.

LEMBRE-SE:
1) O pré-projeto deve ter, no máximo, 3 laudas ;
2) Na avaliação dos pré-projetos serão considerados: coerência interna, clareza e adequação aos projetos e linhas de pesquisa do Programa de Mestrado em Promoção de Saúde;
3) O pré-projeto é pré-requisito obrigatório e deverá ser entregue no ato da
inscrição no processo seletivo juntamente com o formulário de inscrição e o
formulário de opção de projetos de pesquisa.


CRIA-TE POR TI MESMO - ( COMO ESCREVER BEM)

Cria-te, por ti mesmo
Quando estamos começando a escrever sempre procuramos fontes inspiradaras, para que, desta forma, nos venha um modelo, uma “fôrma” e quem sabe uma “receita” para um bom texto.
Inspirar-se em alguém, em um bom escritor não é algo ruim, mas devemos entender que é necessário, para o ato da criação, que deixemo-nos para sermos nós mesmo. Dessa forma, faz-se necessário, portanto, gritar no papel nossa própria tribo – e “berrar” em nossa própria língua -,  esquecendo a tentação de querer ser “universal”.
Creio que para escrever um bom texto é necessário, acima de tudo, escrever cotidianamente. Alguém já disse que só se aprende escrever escrevendo.

Nesse sentido, olhar ao nosso redor, compreender o que se passa com nossos pares, pode – com certeza – nos ajudar a produzir um texto interesante. É o que aconcelha Rilke em seu livro “ Cartas a um jovem poeta”, como também é o que podemos aprender no filme “Encontrando Forrest”.
Encontrando Forrest



Cartas a um Jovem Poeta - monólogo de Ivo Müller
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, leia o que Fernanda Pompeu escreveu.
O curioso é que li este texto após ter-me predisposto a escrever sobre este tema, depois de uma pergunta feita por uma de minhas alunas sobre o ato de escrever. Gostei tanto do texto da Fernanda,que parafraseei o seu título.
 Boa leitura e, quem sabe, boa escrita.
 Johniere Alves Ribeiro
_______________________________
Cria-te
                                                                                        Por Fernanda Pompeu
 Passei um bom tempo da minha juventude lendo sobre como os  escritores escreviam. Quais eram as rotinas, manias, rituais, idiossincrasias. Quem tinha patuá e quem não tinha. Adorava sobretudo as curiosidades.
Exemplos, um escritor que só trabalhava com 500 folhas de papel sulfite ao seu lado. Uma escritora que acendia uma vela antes de começar qualquer texto. Outra que levava sua olivetti portátil no porta-malas, porque nunca se sabe quando a boa frase vai pintar.
Me diverti um bocado com esses e outros exemplos. Mas, pensando hoje, de pouco me serviu saber como os escritores escreviam. Pois nessa história de criar não há modelos a seguir. Não tem protocolo a observar.
Cada qual tem o seu jeito. É pessoal. É intransferível. Tem mais a ver com a história de vida e a circunstância de cada um. Digo criação num sentido amplo. Pode ser um livro, a vitrine de uma loja, o site de uma imobiliária, ou até mesmo um jardim.
Por favor! Não estou negando a importância dos exemplos ou da leitura. Saber é a única experiência que nunca é demais. Não existe excesso de conhecimento. Apenas quero relativizar a real praticidade de modelos para o ato de criar.
Querer saber como os outros fazem, pode acarretar perda de foco, quando não vício. Aconteceu comigo. Quantas páginas deixei de escrever para prestar atenção em como os grandes faziam. No fundo, eu procurava o roteiro do caminho das pedras.
Até que descobri que não tinha abracadabra nenhuma. Que o tesouro se descobre mesmo sozinho. Na criação de qualquer coisa, você entra inteiro e se arrisca por sua conta. Caso contrário, as chances serão próximas do zero.
A virada para uma fase mais produtiva e realizadora nasceu, para mim, no momento em que respeitei minha própria maneira de escrever. Sem copiar a rotina de ninguém. Simplesmente acreditei que seria capaz de criar ao meu jeitão.
No instante atual, crio muito mais longe do computador do que na frente dele. Aproveito o cafezinho na padoca, o carro engarrafado no trânsito, a conversa com a vizinha para ir tramando as histórias, depois escritas com carinho para vocês. (http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mente-aberta/cria-te-105738711.html)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

FACEBOOK ajuda a elaborar livro de poemas.

Quem disse que na internet só há coisa ruim é porque não conhece a seguinte ideia:  “O poeta Paulo de Toledo teve a ideia de compartilha com amigos e contatos poéticos do facebook um livro de poesias.  Resultado, vários autores aderiram à ideia e produto final foi o livro “Poema de mil faces – Um livro para ler e compartilhar”.

Confira aqui:
http://pt.scribd.com/doc/103354605/Varios-autores-Poema-de-Mil-Faces

Ficou legal, passe você este tipo de ideia à frente. Acredito que será bem melhor do que passar aquelas “correntes virtuais” pedindo algo ou recheadas de superstições.
Johniere Alves Ribeiro

Leia alguns poemas:

O QUE RESTA DOS POETAS

dois sonetos,
diz o profeta,
a cada um em seu esqueleto
lado a lado,
as costelas
é o que sobra após a moela
daquele cardume de poetas

 Ademir Demarchi, 1960, Maringá-PR.


NÁUFRAGOS

Náufrago em si mesmo,
o homem lança mensagens
em garrafas.

Mas o mar só devolve o silêncio
à solidão de seu corpo.

Sem um porto onde se salvar
toma de outra garrafa
e nela constrói um navio.

Só lhe falta, agora, o destino.

 Alexandre Marino, 1956 

Passos-MG, vive em Brasília.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

JOVENS MAIS PRÓXIMOS DE MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis continua surpreendente mesmo após tanto anos de sua escrita. O obra imortal  do "Bruxo do Cosme Velho" ainda nos repensar a realidade e hipocrisia da sociedade de sua época e de hoje.
 Nesse sentido, veja o que Rafael Cortez escreve sobre o auto.
Johniere Alves
_________________________________   

Sobre a Bienal do Livro e Machado de Assis
Por Rafael Cortez – 

Mais uma Bienal do Livro acontecendo na cidade de São Paulo. Mais uma vez, os protagonistas são os livros, seus autores e leitores insaciáveis. Gosto bastante disso. Respeito e tenho muita admiração por eventos que partem da Literatura e reforçam a importância da leitura para todas as idades. É como um sinal de salvação em tempos tão burros de internet e entretenimento barato.
Todo e qualquer evento literário me faz reforçar meu carinho por Machado de Assis. Sou, de fato, um grande fã desse imortal autor. Ele me deu muitas alegrias ao longo de toda minha vida, ainda que o processo de conhecer sua obra na minha infância tenha sido tão penoso. Machado era inteligente demais para minha geração já preguiçosa. Aliás, Machado é acima da média para a maior parte de nós.
Recordo de um episódio na Bienal do Livro anterior. Eu participava de um debate com adolescentes quando disse, para um auditório lotado, que as crianças acham o Machado de Assis chato quando o conhecem em meio à obrigatoriedade de sua leitura: ele vale nota, ele cai na prova e ele é muito difícil. Depois, os adolescentes voltam a ter esse problema: Machado cai na Fuvest, é do vestibular, vale como parte do passaporte a uma universidade e vida de prestígio.
Lembro que um professor estava presente na plateia. Ele me procurou depois e disse ter ficado muito chateado comigo por ter dito isso. Alertou-me para o fato de que sou formador de opinião, sou jornalista, e que posso criar imagens erradas do autor. Fora que tal depoimento poderia ser encarado como algo um tanto ingrato de minha parte — taxar de chato o autor que tanta coisa me deu (incluindo meus audiolivros)... não pode!
Eu perguntei ao professor em questão: estou mentindo?
De fato, não sei como é hoje nas escolas de Ensino Fundamental. O ideal é que, antes mesmo de recomendar o início da leitura de qualquer uma das obras do Machado, os professores dêem uma introduzida no autor. Seria bom receber uma aula "pré-Machado" antes de mergulhar em seus textos. Garanto que isso despertaria maior interesse por parte de futuros leitores e fãs em potencial... fora que isso minimizaria alguns problemas de compreensão e contextualização de sua escrita.
Bem, o fato é que quando fui ler "Dom Casmurro", ninguém me preparou para nada. Ninguém me situou sobre o contexto brilhante de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Tá certo que meu colégio era uma porcaria, mas isso aconteceu. Eu tive de aprender a ler Machado de Assis praticamente sozinho, mais tarde, mais calejado e mais instruído.
Hoje, com quase 36 anos, uma parte de mim se volta aos audiolivros — uma forma de aproximar a molecada de clássicos da Literatura que podem, com esse trabalho de registro em áudio, ser vistos de outra maneira. Vai que algum jovem que realmente goste de mim se empolgue? O fato de conhecer um livro do Machado na minha voz pode ser um passaporte para um novo encontro com outra obra do mesmo autor, ou de outro igualmente notável... Vai que..
Já gravei quatro obras do Machado em audiolivro. E uma do José Mauro de Vasconcellos. Meu desafio ainda é o Machado de Assis. Queria muito que ele fosse aceito como o gênio que sempre foi; e não tido como um chato difícil de ler por parte da molecada. Com meus audiolivros, faço a minha parte na tentativa de quebrar essa premissa burra. Ao mesmo tempo em que me deleito com mais uma Bienal do Livro. Recomendo que façam o mesmo!

domingo, 5 de agosto de 2012

CINEMA E APRENDIZAGEM

Os filmes não só apenas fonte de entretenimento, mas também podem auxiliar no aprendizado e no enriquecimento intelectual. Bons filmes podem ajudar a interpretar melhor o mundo a nossa volta e nos ajudar em debates sobre os assuntos mais diversos em nossa sociedade. Por isso, leia as informações que segue e se possível assista algum desses filmes.  

Johniere Alves Ribeiro


2001:uma odisséia no espaço.



Ficção Científica, EUA, 1968, 149 min. Colorido.Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Leonard Rossiter, Margaret Tyrack, Robert Beatty, Sean Sullivan, Douglas Rain (Voz de HAL 9000)

Direção:
Stanley Kubrick

Um poema visual.
2001 está entre os mais belos filmes de todos os tempos. Stanley Kubrick nos empresta sua percepção visual  para mostrar as interferências a que está sujeito o ser humano. Tais interferências, ditadas pela natureza, pela tecnologia ou pelo insondável, desembocam na incontrolável necessidade que tem o universo de se transformar.  Um estranho monolito surge na pré-história e força nossos ancestrais a evoluir. Milhões de anos depois, o mesmo objeto reaparece e motiva uma expedição a Júpiter, para investigar o fenômeno. A nave Discovery, controlada pelo impressionante computador HAL 9000, leva a tripulação. De repente, os tripulantes começam a desaparecer e HAL não mais obedece aos seus criadores. O enigma está apenas começando...

Sugestões temáticas

Teoria do Caos
Pré-história
Teoria da Evolução
Dependência tecnológica
Poesia visual
Relações CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade
Progresso científico
Relações de poder
Força da gravidade
Queda livre
Movimento
Equilíbrio de forças
Gravidade zero
Movimento Referencial
Leis da Física

AMISTAD

Tudo começa quando os prisioneiros de um navio negreiro denominado "La Amistad" se rebelam e trucidam boa parte da tripulação. Desconhecendo os caminhos marítimos de volta para casa, bem como não tendo noções de como guiar um navio, os líderes da rebelião mantêm alguns tripulantes como reféns, para que estes os levem de volta à África.
Porém, são traídos e aportam na América do Norte, onde são aprisionados e levados a julgamento.
Desse momento em diante serão muitos os percalços pelos quais terão de passar. Mas lutam com garra e desafiam as leis, impingindo um recomeço para a história republicana norte-americana, com o auxílio do ex-presidente John Quincy Addans, interpretado por Anthony Hopkins. O diretor Steven Spielberg trabalhou com fatos verídicos, mas incorporou uma personagem que não existiu, Thedore Joadson, o militante negro interpretado por Morgan Freeman.

Amistad, Drama, Estados Unidos, 1997, 154min.; Colorido. Direção: Steven Spielberg.


Temas:
Sugestões temáticas
 Poesia abolicionista de Castro Alves
Escravidão século XIX
Exploração e comercialização humana
Direitos humanos
Política
Quilombos
Constituição Americana
Formação do povo americano

PS: Se gostou das dicas comente.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

POESIA PARAIBANA- Linaldo Guedes

Estou tentando apresentar para vocês alguns dos principais poetas e escritores da Literatura Paraibana ainda em atividade. Acredito que é importante conhecer a “prata da casa”.
O primeiro a desfilar por aqui é Linaldo Guedes, poeta radicado na capital, mas que tem sua origem no sertão paraibano.
Seu último livro “Metáforas para um duelo no Sertão”,  pela Editora Patuá, de São Paulo ( 2012), são 106 poemas inéditos e tem prefácio de Antonio Mariano.
Olivro pode ser comprado no site www.editorapatua.com.br.
             Johniere Alves Ribeiro  
___________________________
 
Quem é Linaldo Guedes?
CURRICULUM VITAE

FORMAÇÃO ACADÊMICA:

Escola Estadual de 1º Grau Dr: José Medeiros Vieira, João Pessoa/PB (conclusão do ensino fundamental), dezembro de 1982;
Escola Estadual Professor Pedro Augusto Porto Caminha, João Pessoa/PB (conclusão do ensino médio), dezembro de 1985;
Curso Superior de Licenciatura em Letras, da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Cajazeiras, em 1987/1988 (sem conclusão);
Curso Superior de Bacharelado em Comunicação Social, da Universidade Federal da Paraíba, campus de João Pessoa, 1990-1992 (sem conclusão);
LIVROS LANÇADOS:“Os zumbis também escutam blues e outros poemas” (livro de poemas), Editora Textoarte, João Pessoa/PB, 1998;
Coletânea de Poesia: 50 anos do Correio das Artes (org.) - Editora Universitária/UFPB, João Pessoa/PB, 1999;
Coletânea de Contos: 50 anos do Correio das Artes (org.) - Editora A União, João Pessoa/PB, 1999;
“Augusto dos Anjos” (plaquete) – Coleção Paraíba Nomes do Século, Série Histórica, nº 38, Editora A União, João Pessoa/PB, 2000;
“Diálogos” (org) – Seleção de entrevistas publicadas no Correio das Artes do jornal A União em 2003, Editora Aboio, João Pessoa/PB, 2004;
“Intervalo Lírico” (livro de poemas) – Editora Dinâmica, Coleção Tamarindo, João Pessoa/PB, 2005;
-------------------------------------------------------------------
Degustação de dois poemas de Linaldo Guedes


Cárcere Ideológicoa liberdade
repousa num sono secundário
entre o lado canhoto da vaidade
e o beco sujo de uma rua sem poesia

para despertá-la de sua hibernação
é preciso
(primeiro)
limpar a sujeira da vaidade
(depois)
cantar hinos de louvor numa cela sem grades.
( Linaldo Guedes)

A flor e o espinhoo amor
o amor

- todos os caminhos
levam à dor

quando o teu cheiro sobra
ou o prazer vai embora
é do amor que falamos
é a dor que escondemos

num caso
falta o pedaço necessário
para se chegar ao paraíso

em outro
sobra o dicionário
para tentar explicar o sumiço da flor.

( Linaldo Guedes)

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++


Duelo entre o real e o imaginário no novo livro de Linaldo Guedes

Ronaldo Braga

A poesia de Linaldo Guedes é um grito carinhoso que continua mais forte no seu silencio, que nos pergunta o tempo todo sobre organização e alma, sobre vida e acordo, poesia que é um solapo em nossa quietude e ler “Metáforas para um duelo no sertão do poeta” Linaldo Guedes  nos permite um momento onde a quietude não é uma calmaria antes é uma necessidade de sobrevivência, pois é preciso depois da leitura fechar o livro e organizar o turbilhão de imagens, de buscas, de caminhos que de forma firme e duradoura ocupam nosso cérebro. 

Há e sempre houve muitos duelos no sertão, o sangue brota de peitos lacerados e cabeças erguidas, e o poeta  da Paraíba, nos revela um outro duelo dentro de todos os duelos sertanejos, o duelo que marca a fronteira entre o real e o imaginário, entre a escolha e o imposto, entre o ser e o nada, um duelo travado na fome que não nos devora e sim nos impulsiona como fortes para caminhar entre espinhos e sedes, a fome que  é o caminhar,  o viver entre nuvens de ideias e poucas certezas, a fome que nos mantém vivos.

É, portanto, desta fome que trata o livro do poeta Guedes, uma fome bela e que no sertanejo às vezes coberta como poeira por outras fomes pode nos aparentar fracos ou mesmo vitimas. E  a poesia de Linaldo não tem  a dor do fracasso ou da vingança, mas a serenidade da percepção que a vida sofre mas também é uma festa, é uma espera e é sempre uma luta dentro de muitas outras lutas. 

"meu pai sorriu
à sombra da goiabeira

nada de rugas na face
apenas a névoa
de um tempo escondido pela sombra das horas."

O passado na figura do pai é de uma melancólica e doce  lembrança, não no sofrimento, mas na névoa que reescreve o rosto na falta de rugas e numa sombra, a da goiabeira, uma outra faz suave e sábio o nosso existir, o das horas.

E enfrentando a religião sem raivas e sem medos ele afirma:

"matraca silenciosa
liturgia de augusto
remoendo
moendo
doendo
moenda
- bagaço de homem no altar dos sertões".

E o poeta Linaldo Guedes brinca com sua infância, seu crescer, sua família e entre alegrias e descobertas ele afirma a sadia desavença entre idades e sexos no ninho, que é um pouco revelado na sombra da goiabeira, salta agora em Lili, em Deci, Didi, Laura, em Laudeni, na galega Neném e se junta na rede com o pai, embalado em natais onde a família tocaiava sonhos de olho no alpendre, pois sabedor que 

"liturgia de oração
- negação do jejum do prazer"

Linaldo declara:

"nunca conseguira entender a falta de pão"

Pois é com poesia que o poeta enfrenta dores e calúnias

"sou um homem marcado
marcado para doer
gado preso no curral
quando não, abatido
comendo Baudelaire
na erva daninha de meu capim."

E continua caminhando por entre fantasmas  nas brincadeiras de muitas humanidades, fazendo duelar os medos dos 12 anos, bumba meu boi  e sombras na parede, com a dura realidade do homem quarentão que nada teme, mas

"tanto medo aos 12
aos 40, medo só de seu olhar de graúna"

Linaldo Guedes não vive por ai afirmando sua sertanidade, antes universal sabe das necessidades de superar mitos e vencer etapas 

"cansei de pasárgada
este negócio de sentar-se eternamente no trono
não compensa a mulher que queremos"

Podemos então arriscar que “Metáforas para um duelo no sertão” do poeta paraibano LINALDO GUEDES, publicação da editora Patuá é não um mergulho no próprio umbigo do poeta, mas sim a afirmação da vida com toda a dor e o prazer que tem no fato de viver e que também soa este livro como uma canção que pode ser  um grito forte saudando nossas fomes e um esperançoso desejo de duelar.

Recomendo a leitura de “Metáforas para um duelo no sertão”, que com certeza vai abrir horizontes e permitir o deleite do belo numa terra árida e fazer plainar azedumes em dias de fugas, Um livro com um coração repleto de amores e fomes e sempre um coração decidido.

Ronaldo Braga é poeta baiano.