quinta-feira, 7 de junho de 2012

FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de estilo / figuras de Retórica (Portugal) ou figuras de linguagem (Brasil) são estratégias que o escritor pode aplicar no texto para conseguir um efeito determinado na interpretação do leitor. São formas de expressão mais localizadas em comparação às funções da linguagem, que são características globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. É muito usada no dia-a-dia das pessoas, nas canções e também é um recurso literário.
Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, além de auxiliar a compreender melhor os textos literários, deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. Mas, acredito que não só, o interessante do aprendizado deste conteúdo nos ajuda a perceber que o uso das figuras de linguagem também está em nosso cotidiano, quando dizemos, por exemplo: “ Minha boca é um túmulo. 
Trago estes conceitos sobre figuras de linguagem, porque não aceito o que algumas gramáticas normativas indicam: “ figuras de linguagem são desvios da linguagem culta”, o que não verdade.  
 
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

Johniere Alves Ribeiro
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  • Metáfora – emprego de um termo com significação de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida. Ex.: “O Brasil é novo, é um país pivete” (Abel Silva).
  • Comparação – aproximação de dois termos entre os quais existe alguma semelhança, como na metáfora. Existe, porém, a presença de conectivo. Ex.: A cada chuva caía como lágrimas de um céu.
  • Hipérbato – toda construção que se afasta da ordem direta (inversão). Ex.: Ao ódio venceu o amor.
  • Prosopopéia (também chamada de personificação ou animismo) – é uma espécie de metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres. Ex.: Com a passagem da nuvem, a lua se tranqüiliza.
  • Sinestesia – é uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes. Ex.: Um doce abraço indicava que o pai o desculpara (doce = sensação gustativa; abraço = sensação tátil).
  • Catacrese – é o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para designar determinadas coisas. Trata-se de uma metáfora necessária, que, desgastada pelo uso, já não representa recurso expressivo da língua. Ex.: Sentou-se no braço da poltrona para descansar.
  • Metonímia – é a substituição do sentido da palavra ou expressão por outro sentido, havendo entre eles uma relação lógica. Ex.: Ouvi Mozart com emoção (Mozart = a música de Mozart).
  • Sinédoque – é uma metonímia em que a relação íntima advém do uso da parte pelo todo ou do todo pela parte. Em outras palavras: o subconjunto é usado pelo conjunto e vice-versa. Ex.: Não é fácil ter um teto (casa); Duas cabeças de boi (o animal todo).
  • Perífrase – expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Ex.: A Cidade Luz continua linda (Cidade Luz = Paris).
  • Anáfora – repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. Ex.: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque).
  • Anadiplose – é a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase. Ex.: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados."
  • Antítese – consiste no emprego de termos em sentidos opostos. Ex.: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim...” (Vinícius de Morais).
  • Paradoxo – idéias contraditórias num só pensamento Ex.: "dor que desatina sem doer" (Camões).
  • Eufemismo – abrandamento, atenuação de uma expressão de sentido desagradável. Ex.: Aqueles homens públicos se apropriaram do dinheiro (apropriar = roubar).
  • Hipérbole – Figura que, através do exagero, procura tornar mais expressiva uma idéia. Ex.: Possuía um mar de sonhos e aspirações.
  • Onomatopéia – consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres. Ex.: O coim-coim dos porcos parecia uma orquestra desafinada.
  • Aliteração – consiste na repetição de sons consonantais no início ou no interior das palavras. Ex.: Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde nascera.
  • Assonância – repetição dos mesmos sons vocálicos. Ex.: "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral." (Caetano Veloso).
  • Elipse – ocorre quando há ocultamento de um termo, que fica subentendido pelo contexto e que é facilmente identificado. Ex.: Na rua deserta, nenhum sinal de bonde. (omissão de não havia).
  • Zeugma – é a elipse, numa oração, de uma palavra expressa na oração anterior. Ex.: “Nossos bosques têm mais vida/ Nossa vida mais amores” (Gonçalves Dias).
  • Pleonasmo – emprega palavras desnecessárias por repetirem idéias servindo para dar força e energia ao pensamento. Ex.: “Nunca jamais se viu tanto peixe assim” (Vinícius de Morais).
  • Anacoluto – é a interrupção abrupta de um pensamento que teria curso normal. Ex.: O Alexandre, as coisas não lhe correm bem.
  • Assíndeto – são omitidas as conjunções da oração. Ex.: Toda mãe seduz. Aquece, acaricia, fascina, atrai, deslumbra.
  • Polissíndeto – repetição exagerada de conectivo (geralmente coordenativo). Ex.: Uma procissão de rendas e sedas e leques e véus e diamantes e olhos de todas as cores.
  • Gradação – dispõe de palavras e idéias por ordem crescente ou decrescente da sua significação. Ex.: “Por uma omissão perde-se uma inspiração, por uma inspiração perde-se um auxílio, por um auxílio, uma contrição, por uma contrição, uma alma.” (Padre Antônio Vieira) (gradação crescente).
  • Silepse – concordância que se faz com a idéia que se tem no pensamento e não com a palavra que se encontra no texto. É uma concordância anormal, psicológica. De Gênero: Pedro é um Maria-vai-com-as-outras. (Pedro = masculino, Maria-vai-com-as-outras = feminino). De Número: O povo tem vontade. Falta-lhes líder. (Povo = singular, lhes = plural). De Pessoa: Os dois íamos calados. (Os dois = 3 pessoa do plural, íamos = 1 pessoa do plural). De Gênero e Número: A multidão partiu. Ninguém os detém. (Multidão = feminino e singular; os = masculino e plural).

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