sábado, 25 de maio de 2013

Romance de 30 e contexto da “Cultura de massa”



Romance de 30 e contexto da “Cultura de massa”
A produção Literária da década de 1930 surge em contexto em que á uma grande explosão da chamada “Cultura de Massa”, que tem como carro chefe o cinema e o rádio. Nesse sentido, acreditamos que este meio fez com que os autores desta geração tivessem o desafio de concorrer com estes outros meio de comunicação e, assim, convencer o público da qualidade de suas histórias. Por isso, percebemos uma narrativa em tom mais “leve” e em uma linguagem de fácil comunicação.
Contudo, segue abaixo um pouco sobre o que ficou conhecido  “Cultura de massa”.
Boa Leitura e assista o vídeo 
Johniere Alves ribeiro    


Vídeo sobre Cultura de Massa e Cultura Popular 



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A CULTURA DE MASSAS NA DÉCADA DE 1930
CONCEITO
No final dos anos 20 e sobremodo na década de 1930, uma série de manifestações culturais – vinculadas a uma nascente indústria de lazer – emergia poderosamente, atingindo todos os segmentos sociais do mundo urbanizado. O rádio, o cinema e a música popular avançavam a grandes saltos. Começava-se a viver, então, a chamada Era da cultura de massas.
Este novo fenômeno, a utilização dos novos meios de informação, capazes de atingir simultaneamente grandes camadas da população, para divulgar cultura e anúncios, mereceu sérios estudos de suas escolas de pensamento: uma nos EEUU, conhecida como Escola de Chicago; e outra, na Alemanha, chamada Escola de Frankfurt. A primeira, preocupada com a maneira como o homem interagiria com essas novas mídias, estudou apenas os aspecto técnico e físico dessa interação, sem entrar na questão de que tipo de conteúdo seria veiculado pelos novos meios de comunicação. Já a escola de Frankfurt estava preocupada essencialmente com o conteúdo, compondo terríveis manifestos contra a vulgarização da arte. São célebres os escritos de Adorno e Hockheimer contra a música popular, e o também clássico ensaio de Walter Benjamim contra a possibilidade de manter a aura das obras de arte uma vez que fossem reproduzidas e copiadas pelas novas técnicas de comunicação.
A escola de Frankfurt foi responsável, também, por formular o conceito de Indústria cultural, que seria o modo como a sociedade capitalista manipularia os indivíduos, através dos meios de comunicação de massa, para anular-lhes as individualidades e a capacidade crítica, formando uma massa homogênea que consumiria com mais facilidade poucos produtos culturais, produzidos em larga escala como na indústria tradicional.
O fato é que, enquanto a intelectualidade estava preocupada em discutir como utilizar essas novas mídias, governos, empresários e anunciantes, festejavam o espantoso crescimento do setor.
O RÁDIO
O desenvolvimento tecnológico de transmissão e recepção radiofônica, durante a década de 30, coincidiu com a idéia de publicidade comercial, que incrementou as programações e a profissionalização do meio. Os grandes líderes da época passaram a utilizar espaços no rádio para expor suas idéias. Os nazistas estatizaram o setor, em 1933, e não se pode imaginar a figura de Hitler sem o seu hipnótico vociferar diante dos microfones. Stálin e Roosevelt também usaram o rádio com enorme talento para animar seus povos. Getúlio Vargas não apenas sabia falar com a população, mas tratou de instrumentalizar o novo meio dentro de seus objetivos políticos. Em 1938, surgiria o mais famoso serviço radiofônico do planeta, a BBC (British Broadcasting Corporation), cujo papel na resistência à selvageria nazista foi inigualável.

Em princípio, a programação das emissoras privadas buscava a popularização da chamada alta cultura: música erudita, leitura de peças teatrais, noticiários, Mas nos EEUU e, em seguida, no Brasil, houve uma identificação com as exigências, nem sempre apuradas, dos ouvintes. O objetivo das emissoras tornou-se mercantil, o custo dos anúncios estava relacionada com a audiência, fazia-se necessário agradar os consumidores. Até mesmo uma rádio estatizada, como a poderosa Nacional, do Rio de Janeiro, não se furtava a disputar o mercado, valendo-se do mais intenso populismo.

No Brasil, as primeiras emissoras preocuparam-se em ampliar o alcance e melhorar a qualidade de som e, em seguida, cativar o público. Os programas de variedades obtiveram repercussão imediata e neles a música popular ocupava papel preponderante. (Devemos lembrar que pouquíssimas famílias possuíam gramofones ou as “modernas” vitrolas.) Por isso, as emissoras de maior audiência (Record, Tupi, Mayrink Veiga, Nacional) começaram a contratar, com exclusividade, orquestras e cantores. Como mesmo assim, faltavam artistas, surgiram programas de calouros cujo prêmio principal era a assinatura de um bom contrato.
Embora a época de ouro do rádio brasileiro acontecesse nas décadas posteriores (40 e 50), nomes inesquecíveis da cultura popular já tinham aparecido nos anos 30: compositores como Lamartine Babo, Ari Barroso; cantores como Orlando Silva, Chico Alves, Sílvio Caldas, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira e outros.

Numa canção de João de Barro, as irmãs Aurora e Carmem Miranda cristalizaram as múltiplas funções do novo veículo de comunicação: “Nós somos as cantoras do rádio / Levamos a vida a cantar. / De noite embalamos teu sono, / De manhã nós vamos te acordar. Nós somos as cantoras do rádio. / Nossas canções, cruzando o espaço azul, / Vão reunindo, num grande abraço,/ Corações de Norte a Sul.”
O CINEMA
No início dos anos 30, se fez o trânsito definitivo do cinema mudo para o cinema sonoro, após o êxito retumbante de The jazz singer, com Al Johnson, de 1927. Por possuírem as patentes industriais que permitiam a sonorização dos filmes, Alemanha e Estados Unidos puseram-se à frente da produção. Os alemães criaram uma série de clássicos: O anjo azul (1930), de Josef von Sternberg; M, o vampiro de Dusseldorf (1931) e O testamento do doutor Mabuse (1932), ambos de Fritz Lang. Com a vitória hitlerista, muitos cineastas alemães mudaram-se para Hollywood.

Coube, porém, ao cinema americano a primazia mundial na chamada “sétima arte”. Alicerçado em forte arcabouço industrial, sempre aberto à inovações tecnológicas, propondo diversão e entretenimento em vez de considerações estéticas ou filosóficas, lidando com a camada mais simples dos sentimentos humanos, estabelecendo um ritmo narrativo sintético e veloz, este cinema se tornou a “fábrica de ilusões” preferida do século XX. Musicais, filmes de ação, de aventuras, de terror, comédias e filmes infantis constituíram o variado “menu” oferecido aos espectadores de todo o planeta.
O cinema se adequou de tal forma à alma norte-americana que um gênero novo surgiu para poetizar de forma rústica e dramática o passado da nação: o western, no qual se notabilizou o cineasta John Ford, com filmes como No tempo das diligências, de 1939, que aproveita um célebre conto de Guy de Maupassant. Os heróis de Ford tinham pouca verossimilhança histórica: seus “mocinhos”, na vida real, não se diferenciavam muito de saqueadores e assassinos, mas a força das imagens daqueles filmes era de tal ordem que conferia a esses personagens de ficção uma dignidade exemplar. Em todos os países, as platéias deixavam-se seduzir pela nova arte.

No Brasil, o primeiro filme sonorizado saiu em 1932, Coisas nossas, com genial samba-título do jovem Noel Rosa. Aliás, predominava então a gosto por musicais. Em 1935, Bonequinha de seda, de Oduvaldo Viana, bateu recordes de bilheteria e a música tema foi cantada em todas as cidades do país. No mesmo ano, apareceu uma dupla sertaneja que conquistaria a nação, Alvarenga e Ranchinho, em Fazendo fita. Já em 1936, a película que encantou as platéias foi Alô, alô, Carnaval, de Adhemar Gonzaga, com as irmãs Aurora e Carmem Miranda. Mas havia também melodramas como Ganga bruta, do mineiro Humberto Mauro, realizado em 1933, dramas históricos e adaptações de obras literárias. A maior parte desses filmes eram produzidos pela Cinédia, o primeiro estúdio com bases industriais a surgir entre nós.
No conjunto, eram obras ingênuas, mais ou menos precárias do ponto de vista técnico. No dizer do crítico Paulo Emílio Salles Gomes apresentavam “fragmentos irrisórios da realidade brasileira”, embora permitissem um “acordo entre elas e o espectador” porque havia um fundo de identificação entre as músicas, as anedotas e os conflitos humanos que apareciam na tela e a vida deste público recém chegado do universo rural.

Nos anos 40 e primeira metade dos 50, a chanchadas (comédias musicais de visão malandra/carioca) ampliariam esta identidade, até que a impregnação do cinema norte-americano se tornou tão geral, “ocupando o espaço da imaginação coletiva e modelando formas superficiais de comportamento”, que este modelo cinematográfico nacional definhou e desapareceu.
A MÚSICA POPULAR
A partir de 1930, nos Estados Unidos, a música popular passou a ser um fenômeno de proporções continentais. Os grandes programas de rádio eram ouvidos de costa-a-costa, facilitando o aparecimento de novos artistas e mitos da comunicação. As condições técnicas para gravação de discos e transmissões de longa distância vinham sendo aperfeiçoadas com muita velocidade desde o início do século XX, fazendo com que a qualidade do som também se tornasse um produto.

O estilo musical em ascensão, em meados dos anos 30 era o swing, estilo de jazz próprio para dançar, logo adotado pela mídia que precisava estimular a população (esmagada pela recessão desde o crack da bolsa em 29) a consumir e se divertir.
Já no Brasil a primeira gravação de um samba deu-se em 1917, com Pelo telefone. Registrado e cantado por Donga, a música, entretanto, era uma criação coletiva de instrumentistas, cantores e compositores que se apresentavam em bares, cinemas, festas, casas de família ou casas noturnas da capital federal. O novo gênero era uma mescla temperado pela criatividade de músicos profissionais. Não se pode atribuir ao samba um caráter de criação folclórica ou totalmente popular, embora tivesse raízes nos ritmos preferidos pelos pobres (especialmente os negros) do Rio de Janeiro.
O novo gênero expandiu-se de maneira rápida nos carnavais da década de 20 e alçou-se nacionalmente através do rádio e do cinema, nos anos 30, quando uma esfuziante safra de talentos criou melodias e canções inesquecíveis. Coube a Noel Rosa consolidar o samba através de uma sofisticada veia lírica, que se somou à irreverência do espírito carioca e ao registro realista dos costumes urbanos. Apesar de ter vivido apenas 27 anos, legou-nos um punhado de obras-primas: Palpite infeliz, Conversa de botequim, Feitiço da Vila, Até amanhã, Pastorinhas, O orvalho vem caindo, etc.
Como exemplo da força poética de Noel Rosa, observe-se excertos de algumas de suas músicas mais conhecidas:
Pierrô apaixonado: (“Um pierrô apaixonado, / Que vivia só cantando, / Por causa de uma Colombina, / Acabou chorando!”);
Com que roupa: (“Agora eu vou mudar minha conduta / Eu vou pra luta / Pois eu quero me aprumar./ Vou tratar você com força bruta, / Pra poder me reabilitar. / Pois esta vida não está sopa / E eu pergunto: com que roupa, / Com que roupa eu vou / Ao samba que você me convidou?”)
Três apitos: (“Quando o apito / Da fábrica de tecidos / Vem ferir os meus ouvidos / Eu me lembro de você.”)
Último desejo: (“Nosso amor que eu não esqueço, / E que teve seu começo / Numa festa de São João, / Morre hoje sem foguete, / Sem retrato e sem bilhete / Sem luar... sem violão. / Perto de você me calo, / Tudo penso e nada falo... / Tenho medo de chorar. / Nunca mais quero o seu beijo, / Pois meu último desejo / Você não pode negar.”)

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