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Um pouco sobre o Romance de 30
A Segunda Geração do Modersnimo foi um dos momentos mais produtivos em
nossa Literatura. É nela que consta os principais, os mais conhecidos e os
mais lidos autores das Letras brasileiras, foi a partir destes autores que o
Brasil estabeleceu para o mundo uma “fórmula” de escrever narrativas e passou
a influenciar vários autores.
Chama-se de romance de 30 ou Neorrealismo a produção
ficcional brasileira de inspiração realista
produzida a partir de 1928, ano de publicação de A bagaceira,
de José Américo de
Almeida, que inaugura o referido ciclo.
Em função do predomínio da temática rural, generalizou-se também o
conceito de romance regionalista para indicar os relatos da época,
apesar de alguns romances urbanos fazerem parte do mesmo período.
As características comuns aos romances de 30 são a verossimilhança, o
retrato direto da realidade em seus elementos históricos e sociais, a
linearidade narrativa, a tipificação social (indivíduos que representam
classes sociais) e a construção ficcional de um mundo que deve dar a idéia de
abrangência e totalidade. Características muito semelhantes às do Realismo machadiano, com o acréscimo do regionalismo e das conquistas modernistas de introspecção e liberdade
lingüística.
A década foi marcada também por um impressionante florescimento de estudos
sobre a sociedade brasileira, com destaque especial para Casa-grande e
senzala (1933), de Gilberto Freyre.
Quanto à temática, os romancistas de então enfatizam as questões sociais
e ideológicas. É uma época de efervescência política no país e no mundo: no
Brasil Getúlio Vargas assume depois de uma Revolução e
inauguraria o Estado Novo,
enquanto o mundo vive o período entre-guerras e assiste à ascensão do
socialismo na União Soviética. O escritor, ao invés de
pegar em armas, usa a ficção, a descrição e o romance como forma de denunciar
as desigualdades e injustiças.
Johniere Alves ribeiro ( texto adaptado)
CARACTERÍSTICAS DO ROMANCE DE 30
Graciliano Ramos, Jorge Amado, José
Lins do Rego, Erico Verissimo e os demais autores adotaram alguns princípios
básicos do romance realista:
As relações com a geração de 1922
Face a este neo-realismo, caberia
uma pergunta: Até que ponto os romancistas de 30 foram modernistas? Ou seja,
até que ponto representaram uma continuidade das vanguardas paulistas de 22?
Ao contrário dos poetas (Vinícius,
Drummond, Murilo Mendes, etc.), que apareceram nos anos 30 e que, claramente,
expressaram a sua ligação com o projeto vanguardista, representando inclusive
uma espécie de segunda fase, ou fase madura do movimento, os romancistas
pouco ou nada tinham a ver com o grupo de Mário e Oswald de Andrade. Seus
vínculos eram muito mais fortes com os prosadores russos e norte-americanos -
como já foi referido - e com Eça de Queirós, Aluísio Azevedo, Euclides da
Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e demais autores com quem tinham
similaridade estética e ideológica.
Daí ser preferível - sob este
ângulo - a adoção do termo romance de 30 para designar o conjunto de
narrativas, escritas entre os anos de 1930 e 1970, por um mesma geração,
oriunda de famílias oligárquicas arruinadas ou decadentes, com uma visão de
mundo crítica, idêntico sentido missionário da literatura e padrões
artísticos comuns e bastante próximos do realismo do século XIX.
Deve-se ressaltar, contudo, que,
apesar de sua desconfiança em relação às ousadias paulistanas, os romancistas
de 30 herdaram dos modernistas uma liberdade de expressão inigualável.
Aproveitaram-se disso para impregnar os seus relatos de coloquialismo, estilo
direto e concisão verbal, criando um efeito de simplicidade que ainda hoje
seduz os leitores.
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OS MUNDOS NARRADOS
Romances de temática agrária
Pode-se afirmar que uma parte
importante do romance de 30 centralizou-se em torno do universo rural em
declínio ou já desaparecido. A tradução deste processo social deu-se em
alguns núcleos temáticos:
A) - A ascensão e queda dos
"coronéis": Bangüê e Fogo morto,
de José Lins do Rego; Terras do sem fim e São Jorge dos Ilhéus,
de Jorge Amado; e O tempo e o vento, de Erico Verissimo, por exemplo.
Estes relatos oscilam entre a saga (exaltação com traços épicos) e a crítica
mais contundente, seja a ideológica (Jorge amado), seja a ética (Erico
Verissimo). No caso específico de José Lins do Rego, predomina um tom
nostálgico e melancólico diante das ruínas dos engenhos.
B) - Os dramas dos trabalhadores
rurais: Seara vermelha, de Jorge
Amado; e Vidas secas, de Graciliano Ramos. Ambos correspondem a uma
impugnação da realidade fundiária nordestina, opressiva e excludente.
C) - O confronto entre o Brasil
rural e o Brasil urbano: este é o ponto nuclear de alguns
dos mais importantes títulos da narrativa brasileira do século XX. O choque
entre Paulo Honório e Madalena em São Bernardo, de Graciliano Ramos,
sintetiza o descompasso entre a mentalidade patriarcal-latifundiária e a
urbana modernizada. Também de Graciliano Ramos, o romance Angústia
revela a solidão e a destruição de Luís da Silva, descendente da oligarquia,
na teia complexa das relações citadinas. Aliás, este fenômeno ocorre
igualmente em Totonho Pacheco, de João Alphonsus.
Por outro lado, tanto em A
bagaceira, de José Américo de Almeida, quanto em O quinze, de
Rachel de Queiroz, os personagens principais, Lúcio e Conceição - embora
filhos das velhas elites agrárias - foram modernizados pela escolarização na
cidade e acabaram questionando o horror da seca, da miséria e o atraso do
latifúndio.
Romances de temática urbana
A urbanização ininterrupta do país
levou os narradores a olhar para a nova realidade que se constituía, fosse
sob o prisma da denúncia (Jorge Amado, Amando Fontes), da adesão crítica
(Erico Verissimo) ou de uma tristeza impotente (Cyro dos Anjos). Os núcleos
temáticos abordados foram:
A) - As camadas populares,
trabalhadores e marginais: Jubiabá, Capitães de
Areia e Mar morto, de Jorge Amado; Os Corumbas e Rua do
Siriri, de Amando Fontes.
B) - Os setores médios (pequena
burguesia): A tragédia burguesa, de
Otávio de Faria, Os ratos, de Dyonélio Machado e toda a primeira fase
de Erico Verissimo, o chamado ciclo de Clarissa.
Um romance regionalista?
Em função do predomínio da temática
rural, generalizou-se o conceito de romance regionalista para indicar os
relatos produzidos a partir de 30 (ou de 1928, ano de publicação de A
bagaceira, de José Américo de Almeida, e que inaugura o referido ciclo).
Como este conceito continua aparecendo em todos os manuais, vestibulares e
análises sobre a época, não podemos rejeitá-lo completamente.
Mas, como já se disse em outra
passagem deste livro, não existe narrativa - mesmo a mais cosmopolita ou a
mais intimista - que não tenha aspectos locais. Machado de Assis, por
exemplo, apresenta elementos da sociedade carioca em suas histórias. Então o
Rio de Janeiro não é uma região? Erico Verissimo seria regionalista ao
escrever sobre as estâncias. E ao escrever sobre Porto Alegre seria o quê?
Ou seja, em vez de usarmos o
desgastado termo regionalismo (que faz confusão entre geografia e
estética), poderíamos nos valer de expressões que delimitam melhor o objeto
de nossos estudos: narrativas do mundo rural e narrativas do mundo
urbano.
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Littera e etc, é um blog que tem como objetivo apresentar informações do "mundo das letras" ( Literatura e Produção Textual) como também fazer ponte com outras áreas do conhecimento e apresentar assuntos da atualidade. Por isso, aproveite nossas informações, comente-as e nos mande dicas para melhorar. Johniere Alves Ribeiro
sábado, 25 de maio de 2013
Regionalismo de 30 e uma nova forma narrativa
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