sábado, 25 de maio de 2013

Jorge, o escritor mais amado do Brasil

Jorge, o escritor mais amado do Brasil

Jorge Amado é o escritor mais popular no Brasil e fora dele. Tem suas obras traduzidas em vários idiomas.
A partir da Bahia Amado consegue traçar um perfil tanto do homem brasileiro quanto do homem e sua universalidade.
Segue abaixo um comentário sobre o autor e suas fases. Nesta postagem estaremos apresentado uma análise mais detida sobre a I Fase, a chamada de "Fase Proletária".

               Johniere Alves Ribeiro

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 JORGE AMADO (1912- 2001)
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Jorge Amado e Zélia Gattai
Vida: Nasceu em uma fazenda na cidade de Itabuna, filho de um coronel que experimentou simultaneamente a riqueza e a pobreza e que viveu as lutas pela posse da terra para o plantio do cacau, mais tarde retratadas pelo escritor. A família mudou-se em seguida para Ilhéus. Em 1923, com 11 anos, Jorge foi matriculado com interno no colégio Antônio Vieira, dos jesuítas, em Salvador de onde fugiu três anos depois, atravessando todo o sertão baiano em uma grande aventura. Terminou os estudos secundários no colégio Ipiranga e ingressou na faculdade de Direito no Rio de Janeiro, no ano de 1930. Nesta mesma década, vinculou-se ao partido Comunista, tornando-se nos anos subseqüentes uma espécie de porta-voz artístico do mesmo. Em 1936 esteve dois meses preso por suspeita de participação na intentona comunista. Em 1937, a proibição e queima pela policia do romance Capitães de areia transformou-o no escritor mais conhecido no Brasil. O sucesso de suas obras estendeu-se rapidamente por outros países.
Durante o Estado Novo, Jorge Amado viajou por toda a América Latina e pelos Estados Unidos e foi preso várias vezes. Entre 1941 e 1942 viveu em Buenos Aires e Montevidéu. Voltou para Salvador, lá permanecendo de 1943 a 1945. Neste último ano, já em São Paulo, casou-se com Zélia Gattai. Em 1946, com a redemocratização foi eleito deputado federal pelo P.C.B, recebendo expressiva votação em São Paulo. Como o partido foi declarado ilegal, seu mandato foi cassado em 1948. Em 1951, ganhou o prêmio Stálin de Literatura com Seara vermelha. Viajou o mundo inteiro, muitas vezes na companhia de Pablo Neruda, outro intelectual comunista. A publicação de Gabriela, cravo e canela, em 1958, representou uma mudança estética-ideológica em sua obra. A partir de então viveu basicamente em Salvador, passando, no entanto, longas temporadas no exterior. Consolidou-se como o escritor brasileiro mais traduzido e que mais vendeu livros em todos os tempos.
Obras principais:

http://educaterra.terra.com.br/literatura/romancede30/img/ja_05.gifI FASE
O país do carnaval (1931); Cacau (1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar morto (1936); Capitães de areia (1937); Terras do sem fim (1943); São Jorge dos Ilhéus (1944); Seara vermelha (1946); Os subterrâneos da liberdade (1954).

http://educaterra.terra.com.br/literatura/romancede30/img/ja_06.gifII FASE
Gabriela, cravo e canela (1958); Os velhos marinheiros (1961); Os pastores da noite (1964); Dona Flor e seus dois maridos (1966); Tenda dos milagres (1969); Tereza Batista cansada de guerra (1972); Tieta do Agreste (1977); Farda, fardão, camisola de dormir (1979); Tocaia Grande (1984); O sumiço da santa (1988); A descoberta da América pelos turcos (1994).

Outras obras: ABC de Castro Alves (biografia,1941); O cavaleiro da esperança (biografia,1942); Navegação de cabotagem (memórias, 1992).
 JORGE AMADO (1912- 2001)
I FASE
Aos dezoito anos, Jorge Amado estreou com País do carnaval, um romance medíocre onde tentava retratar os impasses ideológicos e existenciais de um grupo de jovens intelectualizados e inadaptados à realidade brasileira, no mesmo período em que ocorria a Revolução de 1930. O autor certamente não estava à altura do assunto, (o debate profundo de idéias jamais seria o seu forte), porém o romance - por ter o caráter de depoimento de uma geração sem rumo - obteve repercussão e tornou conhecido o seu nome nos círculos letrados do país.
No ano subseqüente, 1933, o escritor lançou Cacau. "Romance pequeno e violento", escreveria ele mesmo, mais tarde, a respeito da obra, que trazia duas grandes novidades: - Incorporação ao romance realista de 1930 da região cacaueira do sul da Bahia. - O anúncio pelo autor da radicalização política de seu projeto estético: " Tentei contar neste livro com um mínimo de literatura para o máximo de honestidade a vida do trabalhador das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será um romance proletário?"
Jorge Amado aderira ao marxismo e a partir de agora dispunha-se a transformar seus relatos em propaganda revolucionária. Cumpria assim, antecipadamente o que, ainda na década de 1930, Stálin exigiria dos escritores ("engenheiros de almas"): a criação de heróis positivos que lutassem pela utopia socialista. * * Na extinta URSS a celebração da nova ordem tornou-se obrigatória para os artistas. Instituiu-se então o chamado realismo socialista no qual, através de formas estéticas convencionais, louvava-se o mundo estalinista.

O ROMANCE PROLETÁRIO
É como legítimo "engenheiro de almas" que o jovem ficcionista, a partir de Cacau, estabelece um modelo de estrutura narrativa repetida em quase toda a sua primeira fase:
A) O herói, oriundo das camadas populares, deve ter sempre um caráter positivo, ou seja, precisa apresentar uma postura reinvindicatória ou revolucionária. Porém, no início dos relatos, ele invariavelmente, encontra-se em estado de alienação de sua própria miséria, desconhecendo-lhe as causas.
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B) No transcorrer da ação, o herói adquire consciência da opressão que o vitima. Os opressores serão genericamente o latifundiário, o burguês e o agente do imperialismo ianque. (Com isso, o autor estabelece uma esquematização psicológica caricatural: os trabalhadores são necessariamente generosos e justos, enquanto os ricos sempre são pérfidos e exploradores)
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C) A partir da conscientização dos males sociais que o afligem, o herói parte para a ação política e, no caso de São Jorge dos Ilhéus e Seara Vermelha, para uma explícita ação ideológica-partidária, conforme os preceitos do partido Comunista.
Esta fórmula (alienação - conscientização - ação política final ) sedimenta-se em quase todos os romances da I fase. Em Cacau, por exemplo, o trabalhador Colodino deixa a fazenda para fazer um curso no Rio de Janeiro, prometendo retornar e lutar com os demais camponeses. Já em Suor, desempregados, operários e mulheres enfrentam a polícia nas ruas de Salvador.
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Cena de Jubiabá por Caribé
No caso de Mar morto - apesar das vivas denúncias sociais que percorrem o texto - a conscientização da heroína, Lívia, após a morte de seu companheiro, o marinheiro Guma, é menos política e mais existencial. Adversa à vida no mar, Lívia, no último momento da narrativa, assume o comando do saveiro de seu amado para dar continuidade ao trabalho do mesmo.
Em Jubiabá, o protagonista mais importante, o negro Antônio Balduíno vivencia os poucos destinos possíveis das camadas populares baianas: menino de rua, vagabundo, sambista, boxeador, trabalhador rural, artista de circo e, por fim, estivador, quando torna-se líder de uma greve que explode no porto. Seu pai adotivo, Jubiabá, é um pai-de-santo que desconfia da ação política do filho, mas não chega a rejeitá-la completamente. Já Antônio Balduíno supera a religiosidade familiar pelo envolvimento sindical. Frise-se, no entanto, Jorge Amado descreve sem preconceitos o candomblé e os rituais afro-brasileiros, vendo-os como legítima expressão da cultura negra.
ROMANCE DE 30

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