Jorge Amado é o escritor mais popular no Brasil e fora dele. Tem suas obras traduzidas em vários idiomas.
A partir da Bahia Amado consegue traçar um perfil tanto do homem brasileiro quanto do homem e sua universalidade.
Segue abaixo um comentário sobre o autor e suas fases. Nesta postagem estaremos apresentado uma análise mais detida sobre a I Fase, a chamada de "Fase Proletária".
Johniere Alves Ribeiro
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JORGE AMADO (1912- 2001)
Vida: Nasceu em uma fazenda na cidade de Itabuna, filho de um coronel
que experimentou simultaneamente a riqueza e a pobreza e que viveu as lutas
pela posse da terra para o plantio do cacau, mais tarde retratadas pelo
escritor. A família mudou-se em seguida para Ilhéus. Em 1923, com 11 anos,
Jorge foi matriculado com interno no colégio Antônio Vieira, dos jesuítas, em
Salvador de onde fugiu três anos depois, atravessando todo o sertão baiano em
uma grande aventura. Terminou os estudos secundários no colégio Ipiranga e
ingressou na faculdade de Direito no Rio de Janeiro, no ano de 1930. Nesta
mesma década, vinculou-se ao partido Comunista, tornando-se nos anos
subseqüentes uma espécie de porta-voz artístico do mesmo. Em 1936 esteve dois
meses preso por suspeita de participação na intentona comunista. Em 1937, a
proibição e queima pela policia do romance Capitães de areia transformou-o no
escritor mais conhecido no Brasil. O sucesso de suas obras estendeu-se
rapidamente por outros países.
Durante o Estado Novo, Jorge Amado
viajou por toda a América Latina e pelos Estados Unidos e foi preso várias
vezes. Entre 1941 e 1942 viveu em Buenos Aires e Montevidéu. Voltou para
Salvador, lá permanecendo de 1943 a 1945. Neste último ano, já em São Paulo,
casou-se com Zélia Gattai. Em 1946, com a redemocratização foi eleito
deputado federal pelo P.C.B, recebendo expressiva votação em São Paulo. Como
o partido foi declarado ilegal, seu mandato foi cassado em 1948. Em 1951,
ganhou o prêmio Stálin de Literatura com Seara vermelha. Viajou o mundo
inteiro, muitas vezes na companhia de Pablo Neruda, outro intelectual comunista.
A publicação de Gabriela, cravo e canela, em 1958, representou uma mudança
estética-ideológica em sua obra. A partir de então viveu basicamente em
Salvador, passando, no entanto, longas temporadas no exterior. Consolidou-se
como o escritor brasileiro mais traduzido e que mais vendeu livros em todos
os tempos.
Obras principais:
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JORGE AMADO (1912- 2001)
I FASE
Aos dezoito anos, Jorge Amado
estreou com País do carnaval, um romance medíocre onde tentava retratar os
impasses ideológicos e existenciais de um grupo de jovens intelectualizados e
inadaptados à realidade brasileira, no mesmo período em que ocorria a
Revolução de 1930. O autor certamente não estava à altura do assunto, (o
debate profundo de idéias jamais seria o seu forte), porém o romance - por
ter o caráter de depoimento de uma geração sem rumo - obteve repercussão e
tornou conhecido o seu nome nos círculos letrados do país.
No ano subseqüente, 1933, o
escritor lançou Cacau. "Romance pequeno e violento", escreveria ele
mesmo, mais tarde, a respeito da obra, que trazia duas grandes novidades: -
Incorporação ao romance realista de 1930 da região cacaueira do sul da Bahia.
- O anúncio pelo autor da radicalização política de seu projeto estético:
" Tentei contar neste livro com um mínimo de literatura para o máximo de
honestidade a vida do trabalhador
das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será um romance proletário?"
Jorge Amado aderira ao marxismo e a
partir de agora dispunha-se a transformar seus relatos em propaganda
revolucionária. Cumpria assim, antecipadamente o que, ainda na década de
1930, Stálin exigiria dos escritores ("engenheiros de almas"): a
criação de heróis positivos que lutassem pela utopia socialista. * * Na
extinta URSS a celebração da nova ordem tornou-se obrigatória para os
artistas. Instituiu-se então o chamado realismo socialista no qual, através de
formas estéticas convencionais, louvava-se o mundo estalinista.
O ROMANCE PROLETÁRIO
É como legítimo "engenheiro de
almas" que o jovem ficcionista, a partir de Cacau, estabelece um modelo
de estrutura narrativa repetida em quase toda a sua primeira fase:
Esta fórmula (alienação -
conscientização - ação política final ) sedimenta-se em quase todos os
romances da I fase. Em Cacau, por exemplo, o trabalhador Colodino deixa a
fazenda para fazer um curso no Rio de Janeiro, prometendo retornar e lutar
com os demais camponeses. Já em Suor, desempregados, operários e mulheres
enfrentam a polícia nas ruas de Salvador.
No caso de Mar morto - apesar das
vivas denúncias sociais que percorrem o texto - a conscientização da heroína,
Lívia, após a morte de seu companheiro, o marinheiro Guma, é menos política e
mais existencial. Adversa à vida no mar, Lívia, no último momento da
narrativa, assume o comando do saveiro de seu amado para dar continuidade ao
trabalho do mesmo.
Em Jubiabá, o protagonista mais
importante, o negro Antônio Balduíno vivencia os poucos destinos possíveis
das camadas populares baianas: menino de rua, vagabundo, sambista, boxeador,
trabalhador rural, artista de circo e, por fim, estivador, quando torna-se
líder de uma greve que explode no porto. Seu pai adotivo, Jubiabá, é um
pai-de-santo que desconfia da ação política do filho, mas não chega a
rejeitá-la completamente. Já Antônio Balduíno supera a religiosidade familiar
pelo envolvimento sindical. Frise-se, no entanto, Jorge Amado descreve sem
preconceitos o candomblé e os rituais afro-brasileiros, vendo-os como
legítima expressão da cultura negra.
ROMANCE DE 30
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