domingo, 30 de dezembro de 2012

THE BEATLES e o encontro simbólico com rei do baião

THE BEATLES e o encontro simbólico com rei do baião
Por Johniere Alves Ribeiro

Luiz Gonzaga é o um dos músicos mais inventivos do cancioneiro nacional, estabeleceu em suas canções uma relação direta com o povo nordestino, principalmente com o sertanejo. Deste sertão, cantou sua dor e seu sofrimento como ninguém. Representou em seus versos a fauna, a flora e a cultura desta região, tão castigada pela falta das chuvas.
Gonzangão, sem dúvida, é um dos pilares de nossa música, tanto que Nelson Mota – em uma de suas colunas, publicadas no dia 13/02/2012 – afirma que: “Luiz Gonzaga, o célebre rei do baião, foi o primeiro a colocar o Nordeste no mapa da música popular brasileira”.  
Mesmo apresentando letras de caráter regionalista, conseguiu influenciar artistas de renome no Brasil e no exterior. Mas, talvez, tenha sido esta característica que fez com que seus versos ficassem obscurecidos pelo requinte da batida do violão e do som sincopado da Bossa Nova. Todavia, os jovens da MPB, na busca de um “tom” nacionalista para nossa música, revisitam a coletânea gonzagueana e a reconduz ao seu devido lugar: o sucesso.  Isto porque, em seus repertórios, passaram a inserir músicas do mestre Lua, como é o caso dos seguintes artistas: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Chico Buarque, Maria Betânia, Geraldo Vandré, Elba e Zé Ramalho... E na atualidade, Lenine, Marisa Monte, Bicho de Pé, Rastapé, etc, dão seguimento ao legado daquele menino artista, forjado nas feiras do interior pernambucano.
Alguns movimentos como a Tropicália, liderado pelo próprio Caetano, Gil e Tom Zé; e o  Mangbeat trazem consigo, direta ou indiretamente, a essência das músicas de Luís. Dessa forma, entendemos que o sanfoneiro pernambucano, associa-se a outros grandes nomes da nossa música, na construção de uma “sonoridade tipicamente brasileira”. 
O som da “sanfona” do filho de Januário, conquistou o mundo, como bem apresenta o título do livro de Gildson Oliveira:“ Luís Gonzaga, o matuto que conquistou o mundo”( 2000). São vários os livros, as dissertações e as teses sobre o fenômeno do rei do baião, mas algumas são curiosas, por ter sido também lançadas fora do Brasil, a saber: “Vida Do Viajante: A Saga De Luiz Gonzaga (1997)” da francesa Dominique Dreyfus; “Luiz Gonzaga: A Síntese Poética E Musical Do Sertão( 2000)”, da professora Elba Braga Ramalho, tese defendida em Liverpool.  
E por falar em Liverpoool, no ano de 1968, a quem diga que o compositor Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música “Asa branca” de Luís, logo se descobriu que tudo não passava de uma brincadeira. Todavia, quem sabe se não era uma “brincadeira profética”, pois em 2012, a “Beatles songs” rederam-se ao baião, e um dos  meninos de Liverpool, teve que reconhecer o garoto de Exu.
 Uma reportagem no estadão.com.br/cultura, intitulada “Salve a terra de Luiz Gonzaga”, diz   o seguinte  sobre Paul Cartney em Recife:  “...os Beatles se encontraram com o Rei do Baião, uma das fusões nunca imaginadas do mundo do pop. E justamente no centenário de nascimento de Gonzagão, o que configura uma jogada de mestre[...] O elogio a Luiz Gonzaga, em seu centenário, mostra uma disposição de McCartney em usar sua popularidade para despertar em suas plateias o melhor delas esmas.”
Não que necessitamos de opiniões de estrangeiros – na música ou na academia - para só assim referendarmos a genialidade e a importância do velho Lula. Contundo, é no mínimo inusitada uma declaração como aquela de Carlos Imperial se concretizar nos elogios de Paul.
Por isso, não podíamos, no ano do centenário de Luís, deixar de prestar uma homenagem a este que enriqueceu a música popular brasileira e a cultura nordestina a um lugar de destaque até então jamais visto.
Sendo assim, viva Luís Gonzaga!
( texto publicado ne Revista Conviver - Unimed: http://www.cg.unimed.com.br/noticia.php?id=118)

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