domingo, 30 de dezembro de 2012

ENGAJAMENTO SOCIAL - CIBERATIVISMO: É PARA TODOS?

A internet vem se tornando uma ferramenta importante, inclusive para promover alguns movimentos sociais importantes: a Primavera Árabe, por exemplo. Mas será que até o engajamento social tornou-se algo virtual?

Leia o artigo abaixo e tire suas conclusões.

Johniere Alves ribeiro

 

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Ciberativismo, o amplo poder da Internet - Por Lainy Costa

 

Será que a Primavera Árabe, teria ocorrido sem a Internet. Em história, não existe o "se", mas é certo que antes da era digital, qualquer campanha ou manifestação tinha limitações físicas e financeiras. Agora, gastando pouco (ou nada, é possível atingir um maior número de pessoas em poucos minutos. Ideias podem reunir pessoas que não se conhecem e vivem em continentes diferentes. Será que o ativismo tornou-se totalmente digital?
A resposta é não. Segundo a doutora Jussara Borges, professora da UFBA, ainda não é possível falar em virtualização da organizações civis, pois existem muitas limitações estruturais e humanas que ainda persistem, sem falar na exclusão digital. Pesquisando algumas organizações de Salvador, ela constatou que 80% apresentaram mudanças por influência da internet, empregando-a em muitas atividades, principalmente na atuação política, mas basicamente para facilitar tarefas como comunicação e atualização de notícias. A pesquisa revelou que a tecnologia transformou antigas formas de participação em ciberativismo, mas isso não significou uma revolução. Das 44 organizações por ela pesquisada, 6 praticam esse ciberativismo, mas somente 1 faz uso das redes sociais e ganhou visibilidade da mídia e de personalidades artísticas e políticas.
Marco Antônio Villa, Historiador da UFSCAR , declarou em entrevista à TV Cultura que a internet tem um papel fundamental nas reivindicações, pois a disseminação dos acontecimentos se dá com grande velocidade e penetração por meio das redes sociais. Mesmo com este avanço, nem tudo está resolvido. O sociólogo Demétrio Magnoli, colunista do jornal O Estado de São Paulo, vê um exagero quanto ao papel da internet, ainda que ela seja uma ferramenta importante. "As manifestações ainda são feitas pelas pessoas e não pela Internet", completou.
A revolução digital também inclui na defesa das causas os participantes ocasionais, que não estariam defendendo aquela assunto se não fosse pela circunstância e facilidade. Digitalmente, é fácil reunir centenas ou até milhares de pessoas, mas trazer do mundo virtual o desejo por mudanças nem sempre é fácil.
Na campanha do "Occupy Wall Street", dezenas de milhões de pessoas declararam solidariedade mas, após algumas semanas de manifestação, poucas dezenas de pessoas se reuniam no centro financeiro de Nova Iorque. Outro exemplo aconteceu no protesto contra o cancelamento das obras do metrô da estação Angélica em São Paulo. Cerca de 50 mil pessoas confirmaram presença através do facebook, mas somente 4 mil compareceram.
Por outro lado, outras reuniões formuladas virtualmente deram resultado. A Marcha Contra a Corrupção, ocorrida em Brasília, chegou a reunir cerca de 20 mil manifestantes; a já citada Primavera Árabe, iniciada pelo tunisiano Mohamed Bouazizi que ao atear fogo ao próprio corpo em reivindicação ao descaso do governo com a população, ganhou força nas redes sociais e, além de gerar uma onda de protestos no Oriente Médio e Norte da África, levou o então presidente tunisiano, Zine El-Abdini Bem Ali, no poder desde 1987, a renunciar e fugir para a Arábia Saudita.
A tecnologia, como sempre não é boa nem ruim. Ela depende de qual o uso que se faz dela. O engajamento social através de redes e suportes digitais sem dúvida trouxe muitas facilidades para as pessoas se reunirem ao redor de ideais comuns. Só que no coração das mudanças, estão as pessoas. Tudo continua dependendo 100% das ações que elas tomam.

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