Modernismo no Brasil - uma revolução para a Literatura Brasileira
O
Modernismo é sem dúvida uma das Escolas Literárias mais importantes de nossas
Letras. De acordo com alguns críticos este movimento mudou radicalmente as
concepções de arte e literatura em nosso país. Nesse sentido vejamos o que nos
diz a professora Irenísia Torres de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará,
ao analisar os escritos de Antônio Candido sobre o Modernismo :
O Modernismo é pensado no
ensaio Literatura e cultura de 1900 a 1945, sobretudo a partir da dialética
entre local e universal. Ao lado do Romantismo, constituía um dos “momentos
decisivos” na literatura brasileira, de mudança de rumos e revigoração do
pensamento em geral, possuindo ambos em comum o fato de priorizarem o local,
embora apoiados nos modelos europeus. A diferença residia em que o
particularismo romântico se afirmava por uma rejeição da herança portuguesa,
que no Modernismo já estaria superada e esquecida, afirmando-se este em combate
contra o academismo cosmopolita.
Assim, o Modernismo
inaugurava um novo momento na dialética de local e universal, afirmando o
primeiro dos termos pelo recurso ao segundo, ou seja, afirmando-se o dado local
pela valorização vanguardista (europeia) do primitivo. Promovia, então, a
aceitação dos componentes recalcados da nacionalidade, principalmente ligados à
nossa condição de país etnicamente mestiço e culturalmente influenciado por
culturas136
O PRIMEIRO MODERNISMO NOS
ENSAIOS DE ANTONIO CANDIDO primitivas, ameríndias e africanas. “As nossas
deficiências, supostas ou reais, são reinterpretadas como superioridades. [...]
O primitivismo é agora fonte de beleza e não mais empecilho à elaboração da
cultura” (CANDIDO, 2000, p. 120).
Além da nova atitude de
valorização do elemento primitivo, a expressão literária do desrecalque
localista tinha sido buscada também nas vanguardas, principalmente francesa e
italiana. Mas esse empréstimo agora assumia um caráter diferente, por dois
motivos: primeiro, porque não
estávamos mais tão
distantes material e culturalmente da Europa e também éramos atingidos pelos
efeitos da velocidade e da mecanização, das agitações sociais e ideológicas que
tinham constituído os estímulos das vanguardas; segundo, porque os processos
artísticos radicais dos vanguardistas europeus terminavam tendo maior coerência
e possibilidade de assimilação num ambiente como o nosso, em que se convivia
cotidianamente com as culturas primitivas. A conclusão do autor é de que, do
ponto de vista da dialética de local e universal, nos anos 20 e 30,
empreendeu-se um “admirável esforço de construir uma literatura universalmente
válida por meio de uma intransigente fidelidade ao local” (CANDIDO, 2000, p.
126). O Modernismo mostrava-se, portanto, como um importante momento de síntese
na dinâmica literária brasileira.
Diante
leia e assista os vídeos abaixo para compreender melhor este movimento que
marcou a Literatura Modernista.
Johniere Laves Ribeiro
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Modernismo
brasileiro
(Por Felipe Araújo)
Modernismo foi o período do movimento da literatura moderna
nas letras. Esta escola engloba manifestações vanguardistas como o Futurismo, o Super-realismo e o Dadaísmo. O objetivo do Modernismo, no que se
refere à literatura, foi indicar a necessidade de renovação, opondo a
modernidade ao tradicionalismo.
O modernismo brasileiro
foi iniciado no século XX. Na época, a preocupação dos autores modernos era
substituir os antigos valores.
As principais características desta escola literária são o progresso, a
sensação de instabilidade e transitoriedade, a criação e investigação pessoal,
o livre exame e o futuro.
Com esta configuração, o Modernismo
fixa-se na historiografia literária brasileira com o início da Semana de Arte
Moderna de 1922, que ocorreu nos dias 13, 15 e 17 daquele ano
no Teatro
Municipal de São Paulo. Porém, antes destes dias de manifestação de
obras e ideias modernistas, este espírito literário já havia começado um
processo de preparação anos antes.
Uma das primeiras manifestações do
pré-modernismo no Brasil foi
o Futurismo, termo presente no país entre 1915 e 1921, ano em que Oswald de
Andrade publicou um artigo em que chamou Mário de Andrade de
“o meu poeta futurista”.
A origem da Semana de Arte Moderna de
1922 foi uma sugestão do pintor Di Cavalcanti
feita a Paulo Prado. A proposta era iniciar uma “série de escândalos da Semana
de Elegância de Deauville”. Até hoje, existem controvérsias sobre qual cidade
teria criado o movimento. Rio de
Janeiro ou São Paulo?
Consta que nas duas cidades existiam
grupos renovando e indicando ideais modernos. Em São Paulo, os intelectuais
eram Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade,
Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Luís Aranha, Agenor Barbosa, Plínio
Salgado e Cândido Mota Filho. No Rio, os principais nomes eram Graça Aranha, Ribeiro Couto, Renato Almeida,
Ronald de Carvalho, Álvaro Moreira e Manuel Bandeira.
Vinte anos após o final do movimento,
Mário de Andrade traçou quais foram seus rumos iniciais: estabilizar uma nova
forma de consciência criadora brasileira, atualizar a inteligência artística do
país e conquistar o direito à pesquisa estética.
Apesar da Semana de Arte Moderna ser
considerada um marco histórico, após o seu fim, o Modernismo entra em uma fase
de ruptura entre os grupos e de divergência de correntes. De São Paulo e Rio de
Janeiro, as ideias foram proliferadas para outras regiões do Brasil. De acordo
com alguns intérpretes da literatura contemporânea, o Modernismo foi fixado
historicamente na Semana de 22, mas se estende até a década de 60. Porém, o
termo foi perdendo sua força e se estratificando como uma denominação geral.
Fontes:
COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. ed. São Paulo: Global ; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Departamento Nacional do Livro; Academia Brasileira de Letras, 2001.
COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. ed. São Paulo: Global ; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Departamento Nacional do Livro; Academia Brasileira de Letras, 2001.
Modernismo no Brasil
No
início do século XX desenvolveu-se na Europa um conjunto de correntes
artísticas (dadaísmo, surrealismo, expressionismo, futurismo) que formaria a
arte moderna. Artistas brasileiros, em suas idas ao exterior, voltavam com
estas novas influências que, somadas ao desejo de instaurar uma arte moderna
brasileira, longe da imitação de padrões europeus, com valorização do nacional,
possibilitou o início do Modernismo no Brasil.
O Modernismo brasileiro teve três fases: a primeira surgiu em 1922,
a segunda em 1930 e a terceira em 1945. O ponto de partida foi a Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e
18 de fevereiro de 1922 e possibilitou a aproximação de vários artistas com
ideias modernistas, dando força ao movimento.
Primeira fase do modernismo
Durante
a primeira fase o movimento buscou concretizar-se no Brasil. Foi um período de
grande produção de arte moderna e de materiais que divulgavam esta arte (orgia
intelectual). Em meio a essa “orgia”, quatro correntes de pensamento ganharam força
e foram ganhando teor ideológico ao longo da década de 20. São elas: Pau
Brasil, Verde Amarelismo, Escola da Anta e Antropofagia.
Manifesto Pau Brasil
Fundado
por Oswald de Andrade com o Manifesto Pau Brasil, o movimento Pau Brasil fazia
críticas ao passado cultural brasileiro, que imitava os modelos europeus,
propondo um olhar para o Brasil com o olhar do brasileiro, apesar das
influencias europeias.
Verde Amarelismo
Em
resposta a isso, o Verde Amarelismo vinha com a defesa de um nacionalismo
exagerado, valorizando os elementos nacionais sem qualquer influência europeia.
Esta corrente, que originaria a Escola da Anta, tinha inclinações nazistas e,
de certa forma, possuía ideais xenófobos.
Antropofagia
A
Antropofagia, também fundada por Oswald de Andrade, vinha como uma nova
resposta às duas correntes, pregando a aceitação da cultura estrangeira, mas
sem cópias e imitações. Esta cultura deveria ser absorvida pela brasileira, que
colocaria na arte a representação da realidade do Brasil e do elemento popular,
valorizando as riquezas nacionais.
Transição
Apesar
dos movimentos contrários, vemos na primeira fase modernista uma arte
descontraída, com poemas que desestruturavam as velhas escolas literárias e que
traziam uma linguagem que fugia às regras gramaticais, aproximando-se da fala
popular. A construção da imagem brasileira foi sendo aproximada do povo, da
realidade popular e a principal temática comum a todas as obras era a
valorização e reconstrução do nacionalismo.
A
transição da primeira para a segunda fase modernista ocorreu em meio à revoltas
contra a política brasileira do café-com-leite e
à crise econômica ocasionada pela crise de 1929, que impossibilitava a importação do
café, principal riqueza brasileira. As Grandes Guerras também viriam compor o
cenário histórico da época.
A
busca pela nacionalidade no final da década de 1920 já começava a ganhar ares
ideológicos e os conflitos da época também pediam a tomada definitiva de uma
posição ideológica. O resultado disso é a arte engajada que surgiu na segunda
fase modernista, com uma reflexão sobre a época de crise e pobreza.
Segunda fase do modernismo
Se
em 22 tínhamos um interesse pelos temas nacionais, com aproximação da linguagem
popular e valorização da vida cotidiana; na arte engajada de 30 temos uma
literatura mais amadurecida, sem a descontração e a irreverência, mas com reflexões sobre a realidade do brasileiro, trazendo à tona o
nacional através desta reflexão, com textos de linguagem
aproximada do popular.
A
literatura da época de 30 dividiu-se em prosa e poesia: a prosa voltava-se para a crítica social, trazendo
à tona os retratos de várias regiões do país (regionalismo) como forma de
denúncia dos problemas sociais de cada região e com uma reflexão sobre a
solução do problema; a poesia voltava-se para o
sentimento humano, levantando o questionamento sobre a existência humana e a
compreensão do local do mundo e do local que o ser humano tem neste mundo
conflituoso.
Principais autores da
segunda fase
s
principais nomes da prosa são: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano
Ramos, José Lins do Rego e Érico Verissimo. Na poesia, temos: Cecília Meireles,
Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes.
Terceira fase do modernismo
Com
o fim das Grandes Guerras (Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial) e início daGuerra
Fria e o fim da Era
Vargas, que trouxe uma época de democratização política brasileira, o
Modernismo brasileiro começou a ganhar novos rumos. Não era mais necessário o
empenho social e político, pois em tese não havia mais conflitos aos quais se
opor.
A geração de 1945 abandonou vários ideais de 22, criando novas regras que
permitiam a liberdade para o artista criar o que quisesse. Eles não estavam
mais ligados à obrigação de aproximar-se da realidade brasileira e nem de
aproximar-se do povo através de uma linguagem popular e descontraída.
A
principal temática da geração de 1945 estava ligada à aproximação do
psicológico humano. Para transmitir esta reflexão da psicologia humana, as obras desta geração possuíam um equilíbrio
rítmico e linguagem lírica que rendia-se à antiga forma decassíliaba e
rigorosa, deixando de lado o verso livre instaurado em 1922.
Principais
autores da geração de 45
São
nomes famosos desta época: Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de
Melo Neto.
CAMPEDELLI, Samira
Yousseff. Literatura – história &
texto – vol 3. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
CEREJA, William Roberto;
MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura
Brasileira: ensino médio. 2.ed reform. São Paulo: Atual, 2000.
Ana Gabriela Figueiredo Perez - Estudos Literários - Unicamp
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