sábado, 13 de dezembro de 2014


MINHAS LEITURAS – AUGUSTO DOS ANJOS

Li ainda na adolescência Augusto, fiquei maravilhado e ao mesmo tempo espantado com seus versos de catedrais imensas. Este poeta paraibano, penetrou em minhas veias com seus poemas “antipoéticos” e moveu meu olhar para os espaços que eu nunca antes tinha observado com tanta miudeza. Acredito, portanto, que os Augusto dos Anjos precisa a cada dia ser revisitado para realmente sabermos o que e quem somos.
Também acredito que a Paraíba deve muito ao poeta Augusto. Faz-se necessário a cada dia dedica-lhe homenagens. Mesmo que seja neste centenário de sua morte. Pois, sem dúvida, ele é um dos principais poetas do Brasil, quiçá do mundo, pois nos ofertou uma poesia originalíssima.  
Abaixo segue alguns dos poemas mais conhecidos deste vate. Também fiz questão de coletar poemas em áudio para facilitar o encontro com o poeta do Morcego e dos Versos Íntimos, como também documentários comentários sobre dos Anjos. Indico leituras de livros sobre o  poeta.

Johniere Alves Ribeiro 


Quem foi Augusto dos Anjos
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 28 de abril de 1884, no Engenho do Pau d’Arco (PB).
Seus pais eram proprietários de engenhos, os quais seriam perdidos alguns anos mais tarde, em razão do fim da monarquia, da abolição e da implantação da república.
Foi educado pelo próprio pai até ao período antecedente à faculdade. Formou-se em Direito no Recife, contudo, nunca exerceu a profissão. Criado envolto aos livros da biblioteca do pai, era dedicado às letras desde muito cedo. Ainda adolescente, o poeta publicava poesias para o jornal “O Comércio”, as quais causavam muita polêmica, por causa dos poemas era tido como louco para alguns e era elogiado por outros. Na Paraíba, foi chamado de “Doutor Tristeza” por causa de suas temáticas poéticas.

Em 1910, casa-se com Ester Fialho, com quem tem três filhos. O primeiro filho morre prematuramente. Quando a situação financeira da família se agrava, com o advento da industrialização e a queda do preço da cana-de-açúcar, o autor muda-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, enfrenta o desemprego até conseguir o cargo de professor substituto na Escola Normal e no Colégio Pedro II, complementando-o com a renda das aulas particulares.
Em 1914, transfere-se para Minas Gerais, por causa de uma nomeação como diretor do Grupo Escolar de Leopoldina, a qual conseguiu com ajuda de um cunhado. Após alguns meses da mudança, o poeta morre aos 12 de novembro do mesmo ano, vitimado por pneumonia.
Augusto dos Anjos vivenciou a época do parnasianismo e simbolismo e das influências destas escolas literárias através de seus escritores, como: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Cruz e Souza, Graça Aranha, dentre outros. Porém, o único livro do escritor, intitulado “Eu”, trouxe inovação no modo de escrever, com idéias modernas, termos científicos e temáticas influenciadas por sua multiplicidade intelectual. Pela divergência dos assuntos tratados pelo autor em seus poemas em relação aos dos autores da época, Augusto dos Anjos se encaixa na fase de transição para o modernismo, chamada de pré-modernismo.
O poeta tinha como tema uma profunda obsessão pela morte e teve como base a idéia de negação da vida material e um estranho interesse pela decomposição do corpo e do papel do verme nesta questão. Por este motivo foi conhecido também como o “Poeta da morte”.
Sua única obra marca a literatura brasileira pela linguagem e temática diferenciadas. (Sabrina Vilarinho )

Vejamos um trecho de um poema muito conhecido do poeta, chamado “Versos íntimos”:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Obra: Eu (1912)

Imagens legais sobre Augusto dos Anjos mistura de "art pop"
Documentário





Poemas para ouvir 
  






Livros e revistas sobre Augusto 
- Toda poesia de Augusto dos Anjos - Ferreira Gullar;
- Correio das Artes - União 

 - Essa Mecânica nefasta; o eu e os outros - Hildeberto Barbosa Filho 

- Augusto dos Anjos em Quadrinho - Jairo Cézar 

- Era uma vez um menino chamado Augusto - Neide Medeiros


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