Segue abaixo comentários sobre o que fazer no texto "argumentativo-dissertativo". São dicas objetivas e que podem ajudar na hora "H" da Redação no ENEM.
Johniere
Alves ribeiro
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Como Estruturar um
Texto Argumentativo-Dissertativo
1. O texto argumentativo
COMUNICAR não significa apenas enviar uma
mensagem e fazer com que nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de
uma forma melhor, podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas
para transmitir idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que
tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos
expressando (e não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito
ou proposto.
Comunicar não é, pois, apenas um fazer
saber, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é
apenas um instrumento de comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre
os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a
aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.
Assim sendo, talvez não se caracterizaria
em exagero afirmarmos que falar e escrever é argumentar.
TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que
defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos
os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
Num texto argumentativo, distinguem-se
três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas.
TESE, ou proposição, é a idéia que
defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência
de opinião.
A palavra ARGUMENTO tem uma origem
curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é
"fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de
"argênteo", "argúcia", "arguto".
Os argumentos de um texto são facilmente
localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é
contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos).
As ESTRATÉGIAS não se confundem com os
ARGUMENTOS. Esses, como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende
uma tese tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos).
ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os
recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte,
para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente,
para gerar credibilidade, etc.
Os exemplos a seguir poderão dar melhor
idéia acerca do que estamos falando.
A CLAREZA do texto - para citar um
primeiro exemplo - é uma estratégia argumentativa na medida em que, em sendo
claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá concordar com o que
está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou
escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA
da clareza. A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia)
imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.
O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve
ser visto como algo muito es-tra-té-gi-co em muitos tipos de texto. Com tal
emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a
língua! Eu sou culto!") e com isso reforçamos, damos maior credibilidade
ao nosso texto. Imagine, estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não
sabe nem escrever! Seus conhecimentos jurídicos também devem ser
precários!").
Em outros contextos, o emprego da
LINGUAGEM FORMAL e até mesmo POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso,
consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos
favorecidas.
O TÍTULO ou o INÍCIO do texto
(escrito/falado) devem ser utilizados como estratégias ... como estratégia para
captar a atenção do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos
argumentos se não são ouvidos/lidos.
A utilização de vários argumentos, sua disposição
ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses
(quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a
qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da
repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros
exemplos de estratégias.
2. A estrutura de um texto
argumentativo
2.1 A argumentação formal
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua
obra "Comunicação em Prosa Moderna".
O autor, na mencionada obra, apresenta o
seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:
1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e
limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da
proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados
estatísticos, testemunhos, etc.
4. Conclusão.
A
nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida.
A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
- Citação da tese adversária
- Argumentos da tese adversária
- Introdução da tese a ser defendida
- Argumentos da tese a ser defendida
- Conclusão
1.
Dissertação e argumentação
1.1. Característica do texto dissertativo-argumentativo
1.1. Característica do texto dissertativo-argumentativo
Quando se pede a alguém que disserte e argumente por escrito sobre um
determinado tema, espera-se um texto em que sejam expostos e analisados, de
forma coerente, alguns dos aspectos e argumentos envolvidos na questão
tematizada. Não há escrita sem leitura, sem reflexão, sem a adoção de um
ponto de vista e, pode-se mesmo dizer, sem um desejo, por parte de quem
escreve, de se manifestar a respeito de um determinado tema. Assim, é especialmente importante que, em uma
dissertação, sejam apresentados e
discutidos fatos, dados e pontos de vista acerca da questão proposta. Ora,
para que você consiga desincumbir-se dessa tarefa de forma adequada
(especialmente em uma situação como a de um exame vestibular em que há uma
certa tensão, o tempo é controlado...), a Unicamp coloca à sua disposição, sob
a forma de uma coletânea, diversos
elementos que devem ser levados em conta para a discussão do tema proposto.
Garantimos, assim, que você não tenha de “partir da estaca zero”, para
construir sua redação. Essa é uma função importante da coletânea de textos que
acompanha o tema para dissertação. (Essa coletânea, como vimos no capítulo
anterior, tem também o objetivo de avaliar a sua capacidade de leitura,
interpretação e seleção de informações).
Do que foi dito acima, você deveria concluir imediatamente que escrever um texto dissertativo não é apenas
tecer comentários impessoais sobre determinado assunto, tampouco
limitar-se a apresentar aspectos favoráveis e contrários e/ou positivos e
negativos da questão.
Mas vamos tentar ajudá-lo um pouco mais, uma vez que tal conclusão pode não ser
tão imediata assim. Consideremos duas instruções que muito freqüentemente
acompanham “definições” de dissertação: (1) que nela não se deve “falar” em 1ª
pessoa; (2) que devem, em um texto dissertativo, ser apresentados argumentos
favoráveis e contrários à(s) idéia(s) sobre a(s) qual(is) se está escrevendo.
A primeira das “instruções” é, de fato, pertinente, mas costuma-se exagerar o
seu valor – esse cuidado não é suficiente para garantir que se está, realmente,
dissertando. Sempre será verdade que enfraquecem a força do texto dissertativo
expressões como eu acho que e na minha opinião, mas o problema está
muito mais no caráter opinativo e no “achismo” nelas contido do que no uso da
1ª pessoa do singular. Contudo, saiba que a postura mais adequada para se
dissertar é mesmo escrever impessoalmente, como se autor daquele texto fosse o
próprio bom senso, a própria lógica, a razão, ou ainda, a verdade.
Da mesma forma, uma dissertação não se
dirige a um interlocutor específico ou a um grupo deles; dirige-se, isto sim, a
um “leitor universal”, algo que poderia ser definido como: todos os seres
humanos alfabetizados e dotados de raciocínio.
Quanto à Segunda “instrução”, essa sim é um completo equívoco. Em uma dissertação, deve-se defender uma
tese, ou seja: organizar dados, fatos, idéias, enfim, argumentos, em
torno de um ponto de vista definido sobre o assunto em questão. Uma
dissertação deve, na medida do possível, concluir algo. Portanto, não tem
cabimento ficar simplesmente elencando argumentos favoráveis ou contrários a
determinada idéia. Só se trazem ao texto argumentos contrários à tese defendida
para destruí-los, para anulá-los... e, mesmo isso, quando for pertinente
fazê-lo.
2.Aplicando a teoria
2.1. Tipo de parágrafos – desenvolvimento
Desenvolvimento do parágrafo
A vida agitada das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração
Desenvolvimento por
detalhes
A vida agitada das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração. O tráfego intenso, o
ruído do tráfego, as preocupações
geradas pela pressa, o almoço corrido, o horário de entrar no trabalho, tudo
isso abala as pessoas, produzindo o stress que ataca o coração.
Desenvolvimento por
definição
A vida agitada das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração. Vida agitada é aquela que
o indivíduo não tempo para cuidar de si próprio, mercê dos compromissos
assumidos e do tempo exíguo para cumpri-los. Entre as doenças do coração, a
mais comum é a que ataca as artérias coronárias, assim chamadas porque envolvem
o coração, como uma coroa, para irrigá-la em toda a sua topologia.
Desenvolvimento por
exemplo específico
A vida agitada das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imaginemos um chefe de
família que deixa sua casa, às 6h30 da manhã. Logo de início, tem de enfrentar
a fila da condução. A angústia da demora: será que vem ou não vem o ônibus?
Finalmente, vem. Superlotado. Sobe ele, aos trancos, e logo enfrenta a roleta.
– Troco? – Não tem troco pra cem. – Espera um pouco pra passar na roleta. –
Agora tem, pode passar. Finalmente o ponto de descida. O relógio de ponto. Em
cima da hora. Nesse momento, o relógio do coração do nosso amigo já passou do
ponto. Está acelerado. Suas coronárias sofrem sob o impacto do stress e entram
em débito de fluxo sangüíneo.
Desenvolvimento por
fundamentação da proposição
A vida agitada das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração. Somente na última década,
segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o paulistano
se infartou vinte vezes mais do que no
decênio anterior. O stress causado pela vida intensa acelera os
batimentos cardíacos, por intermédio da injeção exagerada de adrenalina e
apressa o surgimento dos problemas do coração.
Desenvolvimento por
comparação
A vida agita das grandes
cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine o leitor, por
exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato,
sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende a prolongar-se bastante. Imagine agora
o contrário: um automóvel cujo proprietário se compraz em arrancadas de “cantar
pneus”, curvas no limite de aderência, marchas esticadas e freadas violentas. A
vida útil deste último tende a decair miseravelmente. O mesmo podemos fazer com
nosso coração. Podemos conduzi-lo com doçura, em ritmo de alegria e de festa,
ou podemos tratá-lo agressivamente, exigindo-o fora de seu ritmo e de seu tempo
de recuperação.
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