segunda-feira, 22 de outubro de 2012

JOSÉ SARAMAGO - A MAIOR FLOR DO MUNDO


Um dia escrevi para o Jornal da Paraíba sobre Saramago:

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Subversão estilística em Ensaio sobre a cegueira. ( Publicado)


Por Johniere Alves Ribeiro. Mestr  e em Literatura e Interculturalidade.

Quem tem contato pela primeira vez com um romance de José Saramago, principalmente com os produzidos pós Ensaio sobre a cegueira, se impressiona com o modelo por ele praticado. Sua escrita, a partir deste romance, ganha um tom originalíssimo, rompendo com os paradigmas presente em Terra do Pecado( 1947) seu primeiro romance e até mesmo de Levantado do Chão (1980) obra que faz com que Saramago ganhe o prestigio dos críticos.
Durante a leitura nos sentimos presos a uma teia de signos. Sua linguagem leve, sua pontuação, parecida com a da fala; a forma como ele consegue enquadrar a seqüência lógica das cenas envolve-nos, de tal maneira, que não conseguimos abandonar a leitura do romance. 
Compreender a escrita de José Saramago é tentar percorrer um labirinto, mas com um mapa à mão, no qual podemos encontrar a saída, uma espécie de “fio de Ariadine”. Isto se dá ao fato do autor - como todo bom escritor - fundir ao seu estilo a densidade formal, advinda da complexidade dos temas, com a simplicidade de um contador de história que consegue prender, por meio do som, ritmo e imagens a atenção do seu leitor, que ofegantemente tenta chegar ao fim da trama
Para estabelecer este labirinto lingüístico, Saramago rompe com a tradição clássica de escrever um romance, é por isso que não se encontra em ESC as “devidas” marcas de pontuação para delimitação dos diferentes momentos da fala dos personagens, todavia durante a leitura da obra, apesar de tal inovação, o leitor aos poucos vai se acostumando à lógica interna da narrativa e percebe que as letras maiúsculas é que indicam o momento em que um novo locutor ou interlocutor estabelece seu discurso.
Fica notório que esta forma de escrever segue o modelo contínuo do pensamento. E apesar de não estar expressa numa seqüência paragrafal, podemos perceber uma ordem cronológica bem próxima do que acontece nos enredos tradicionais. Dessa forma, quem fica responsável para delimitar tal prerrogativa é a mente do leitor. Marco Lucchesi, pesquisador em Literatura, sobre este aspecto comenta:  Já não se trata de uma palavra peregrina, mas de uma palavra comprometida. ( LUCCHESI: 1997, p.16) 
Ainda é importante ressalta que, neste romance, o autor não indica os nomes dos personagens, o que reincidirá em suas obras posteriores. Assim, quem lê percebe que a apresentação dos personagens se prende a sua função social e suas características físicas, como por exemplo: a mulher do médico, sou polícia, o menino estrábico.  
Subversão. Talvez seja essa a definição que poderíamos dar a este estilo produzido pelo autor português. Subversão ao pontuar seus romances, subversão ao elencar temas que envolva a esfera social, mas que não torna sua obra meramente panfletária; subversão ao mudar a lógica da narrativa, etc. Esta talvez seja a maior das características da escrita saramaguiana, a partir de ESC , um tópico que renova o conjunto de seu obra.  ( Jornal da Paraiba. Opinião. 2007)

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Escrevi por admiração ao autor  e pelo modo como ele me surpreendeu, mas  no vídeo que segue inspirado no conto “A maior flor do mundo” me deixou ainda mais impressionado pela escrita deste Prémio Nobel da Literatura.
Assista você também o vídeo e comete-o, depois procure um dos livros deste autor para ler.
Johniere Alves Ribeiro

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