Para a elaboração de um bom texto é importante que se tenha parágrafos bem elaborados. Estes serão responsáveis pela sustentação da ideia central, como também da manutenção da coerência do texto. Sendo assim, leia com atenção as dicas que segue e tente você mesmo elaborar um paragrafo de qualidade.
Johniere Alves Ribeiro
Estruture o parágrafo. Aprenda o que é o tópico frasal.
Muitos estudantes têm dúvidas sobre a maneira mais adequada de estruturar um texto dissertativo-argumentativo. Em outros artigos aqui do Conversa de Português, eu já mostrei como o texto deve ser organizado, mas é necessário chamar atenção para a construção dos parágrafos que o compõem.
Em geral, o parágrafo-padrão consta de três partes, em um modelo que se assemelha à estrutura geral do texto: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão (GARCIA, 2007, p. 222). A primeira parte é composta por um ou dois períodos iniciais, em que se apresenta a ideia principal (otópico frasal); a segunda é a explanação da ideia-núcleo e a terceira, que não chega a ser um item obrigatório.
O tópico frasal pode ser apresentado de diversas maneiras. Veja algumas:
I. Declaração inicial
O autor do texto afirma ou nega alguma coisa para, em seguida, justificar ou fundamentar sua afirmação. Seus argumentos podem ser apresentados sob forma de exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições.
Exemplo:
A pronúncia exata do grego antigo é, ainda hoje, objeto de especulação dos estudiosos. Por esse motivo, há três sistemas de pronúncia do grego antigo: a pronúncia erasmiana (criada pelo sábio Erasmo de Rotterdam na Renascença), a pronúncia restaurada (uma tentativa de criar a pronúncia do grego do dialeto ático, tal como era falado no período clássico em Atenas, tomando como base os escritos de antigos gramáticos) e a pronúncia do grego moderno (que, apesar de não ser a mesma para o período clássico, possui a vantagem de unir a língua antiga como sua continuação moderna. (VERNANT, 2002, p. 11)
2. Definição
Esse é um método didático por meio do qual , como já se pode supor, o autor apresentará uma definição.
Exemplo:
A jaculatória é um gênero textual que se caracteriza por um conteúdo de grande fervor religioso, estilo laudatório e invocatório (duas sequências injuntivas ligadas na sua formulação imperativa), composição curta com poucos enunciados, voltada para a obtenção de graças ou perdão, a depender da circunstância.
3. Divisão
É um processo didático, caracterizado pela objetividade e pela clareza. O tópico frasal é apresentado sob forma de divisão ou discriminação de ideias.
Exemplo:
A literatura “brasileira”nos primeiros anos de colonização é uma literatura: a) de missionários dedicados à obra de catequese; b) de viajantes ou recém-chegados desejosos de dar notícias ou impressões sobre a terra e o homem do novo continente; c) de algumas incipientes vozes literárias. Essa literatura se fez não somente em língua portuguesa, mas também em idiomas estrangeiros. Obviamente só nos interessa a que se incorporou às letras pátrias: das em língua estrangeira daremos apenas breve informação. (POSSENTI, 2012, p. 36)
4. Interrogação
Pode-se iniciar o parágrafo com uma interrogação direta, mas o autor não se pode esquecer de que o desenvolvimento deverá responder ou esclarecer a indagação feita no tópico frasal.
Exemplo:
Em que consistiria o domínio do português padrão? Do ponto de vista da escola, trata-se em especial (embora não só) da aquisição de determinado grau de domínio da escrita e da leitura. É evidentemente difícil fixar os limites mínimos satisfatórios que os alunos deveriam poder atingir […]. (POSSENTI, 2012, p. 19)
Garcia (2007) considera que a interrogação inicial esconde um tópico frasal por declaraçãoou definição. É o que podemos observar no exemplo acima, em que todo segundo período do parágrafo aparece como uma definição do que é considerado português padrão.
( http://conversadeportugues.com.br/2015/03/topico-frasal/)
Referências bibliográficas:
ELIA, S. Fundamentos histórico-linguísticos do português do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
GARCIA, O.M. Comunicação em prosa moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: 2007.
MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & Ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012.
VERNANT, J.P. Entre mito e política. 2.ed. São Paulo: EdUSP, 2002.
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